Espiritualidade e saúde

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A morte do papa Francisco, liderança que defendia a humildade, a tolerância e a inclusão, reacende reflexões sobre o papel da espiritualidade no equilíbrio do ser humano. Afinal, se saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental, emocional e social, segundo definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), a fé teria papel relevante na busca pela saúde plena?

Estima-se que cerca de 80% da população mundial está ligada a alguma religião ou crença. Apesar disso, há pouco mais de duas décadas, espiritualidade e medicina não se cruzavam. Com o aumento de pesquisas e estudos sobre o tema, essa visão vem se modificando. A Universidade de Harvard, por exemplo, analisou mais de 15 mil artigos científicos sobre o impacto da fé no contexto da saúde e concluiu que expressões da espiritualidade devem ser incorporadas ao cuidado, tanto para superar doenças graves quanto para influenciar no autocuidado e na qualidade de vida.

Outra pesquisa realizada com idosos, e que contou com a participação de especialistas de vários países, apontou que aqueles que possuem contato com práticas religiosas e espirituais apresentam menos sintomas de ansiedade e depressão, mais sentimentos de satisfação e plenitude e mantêm relações sociais mais sólidas. Há muitos outros estudos sobre o assunto.

O fato é que, hoje, o tema espiritualidade e saúde está presente em nove de cada dez universidades médicas norte-americanas. No Brasil esse movimento ainda é tímido, mas o Conselho Federal de Medicina (CFM) afirma inexistir incompatibilidades entre fé ou crença e conhecimento científico no exercício da profissão, desde que os princípios básicos e irrefutáveis da boa prática médica sejam respeitados.

Crenças nunca substituirão medicamentos, tratamentos ou terapias. Mas são uma força a mais na jornada do paciente, caso façam sentido para ele. Que profissionais e instituições de saúde saibam respeitar sempre as diversas manifestações da espiritualidade de pacientes e familiares, assim como a ausência delas. Nesse campo, certeza e ceticismo caminharão sempre lado a lado. Uma fala do personagem cardeal Lawrence, no filme Conclave, traduz bem isso: “Nossa fé é algo vivo justamente porque caminha de mãos dadas com a dúvida. Se houvesse apenas certeza e nenhuma dúvida, não haveria mistério. E, portanto, nenhuma necessidade de fé”.

Francisco Balestrin

Presidente da FESAÚDE e do SindHosp

Artigo publicado pelo jornal Folha de S. Paulo em 28/04/2025. Clique aqui e acesse a página da publicação.

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