Método, que não usa medicamentos, faz uma espécie de reprogramação da memória
Um método meramente comportamental, sem uso de remédio, conseguiu reduzir a recaída ao consumo de drogas tanto em animais de laboratório como em humanos, envolvendo apenas uma modificação da memória.
Tentar impedir a recaída em geral envolve uso de drogas bloqueadoras da memória em experimentos de laboratório. Mas nem sempre elas são seguras em humanos.
Com a participação de Lin Lu, da Universidade de Pequim, o estudo teve um procedimento de “recuperação e extinção” da memória através da exposição de pistas associadas ao uso das drogas.
Memórias podem ir e vir, são voláteis. Uma memória persiste na mente graças a um processo de reconsolidação; novas informações podem ser introduzidas e ela volta a se estabilizar, lembram o pesquisadores Amy Milton e Barry Everitt, da Universidade de Cambridge, Reino Unido, comentando o estudo na revista “Science”.
A equipe sino-americana reexpôs viciados em drogas a pistas associadas ao seu consumo – por exemplo, mostrando imagens de objetos utilizados no uso, como isqueiros e seringas.
“O uso de drogas e a recaída envolve associações aprendidas entre pistas ambientais associadas à droga e a seus efeitos. Procedimentos de extinção na clínica podem suprimir respostas condicionadas às pistas de droga, mas elas tipicamente reemergem depois da exposição à droga”, diz o estudo.
Para contornar o problema, a equipe usou sessões de “reativação” (recuperação) da memória dez minutos antes do procedimento de extinção. O resultado dessa atualização diminuiu a posterior “memória da droga” e reduziu a fissura nos pacientes em voltar a fazer uso dela.
Fonte: Folha de S. Paulo