Insatisfeitos com a relação com operadoras de saúde, médicos, dentistas e fisioterapeutas vão suspender o atendimento eletivo de clientes de planos quinta-feira, 25, em pelo menos nove Estados, incluindo São Paulo. A paralisação é reflexo de uma pesquisa que mostra que 89% deles sofrem interferência dos planos em suas atividades, o que prejudica o atendimento. Os médicos já fizeram outras três paralisações nos últimos dois anos, mas é a primeira vez que dentistas e fisioterapeutas integram o movimento. Em São Paulo, o protesto será na Avenida Paulista – 10 mil bexigas pretas vão simbolizar o descontentamento.
Para a pesquisa, a Associação Paulista de Medicina (APM) consultou 4.887 profissionais, por meio de um questionário por e-mail. Os resultados atestam a insatisfação: 83% dizem já ter tido pacientes que precisaram recorrer ao SUS ou ao atendimento particular por causa de obstáculos impostos pelos planos, 85% afirmam que já se descredenciaram ou pretendem deixar a rede suplementar de saúde e 65% relataram ter reduzido o número de procedimentos ou cirurgias por causa dos baixos honorários. “Os médicos estão sob pressão, pois prescrevem os procedimentos, mas os planos impõem obstáculos”, afirmou Florisval Meinão, presidente da APM, referindo-se especialmente aos procedimentos de alta complexidade.
Segundo Silvio Cecchetto, presidente da Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas, os planos pagam cerca de R$ 15 por restauração e R$ 10 por extração dentária. “Por mais esforço e boa vontade do profissional, esse valor é incompatível com o mínimo de qualidade.” No sistema privado, uma restauração não sai por menos de R$ 150, assim como uma extração.
Sobrevivência
A situação também é ruim entre fisioterapeutas, que recebem dos planos de R$ 5,60 a R$ 20 por 50 minutos de trabalho – honorários que não são reajustados há pelo menos 10 anos. “Com esse valor não dá para sobreviver e investir em qualidade”, diz Marlene Vieira, presidente da Federação Nacional dos Prestadores de Serviços de Fisioterapia.
A Federação Nacional de Saúde Suplementar afirmou que suas filiadas têm se esforçado em recompor os honorários e diz que, no último ano, o valor da consulta teve reajuste de 14%. Já a Associação Brasileira de Medicina de Grupo informou que não interfere na relação entre operadoras e prestadores. A Agência Nacional de Saúde Suplementar diz que adotou medidas para melhorar o atendimento e cita os prazos máximos para consultas, exames e cirurgias.
Fonte: Portal UOL