Artigo denuncia manipulação de pesquisas

A tortura de dados para obter resultados favoráveis em estudos sobre medicamentos novos no mercado é uma prática comum dos laboratórios, segundo denúncia publicada ontem no British Medical Journal.

Compartilhar artigo

Laboratórios usam testes feitos em drogas já disponíveis no mercado para vender produtos, diz revista britânica

A “tortura” de dados para obter resultados favoráveis em estudos sobre medicamentos novos no mercado é uma prática comum dos laboratórios, segundo denúncia publicada ontem no “British Medical Journal”.

De acordo com o autor, um ex-funcionário de um grande laboratório que escreveu sob anonimato, os estudos realizados após a aprovação das drogas têm como objetivo alavancar as vendas dos produtos, e não determinar sua segurança de uso.

O artigo foi publicado junto com análise de estudos pós-venda de alguns remédios contra diabetes tipo 2.

Esse tipo de pesquisa é feito quando a droga está no mercado e, portanto, já passou pelas três primeiras fases de teste, necessárias para que o remédio possa ser vendido.

Depois disso, são feitos estudos de fase 4 ou observacionais, que analisam o desempenho da droga na “vida real”, sem as intervenções dos cientistas e os controles das pesquisas laboratoriais.

De acordo com o reumatologista Marcelo Schafranski, autor do livro “Medicina – fragilidades de um modelo ainda imperfeito” (Ed. Schoba), a análise pós-venda é importante para avaliar o peso dos efeitos colaterais e o custo-benefício das novas drogas.

Mas faltam regras para controlar a metodologia desses trabalhos, muitas vezes patrocinados e elaborados pelas próprias fabricantes dos remédios. “Os resultados publicados são escolhidos após a coleta dos dados. São selecionados desfechos favoráveis para o fabricante do remédio, em vez de resultados como número de mortes ou internações em UTI. Do jeito que está, esse tipo de estudo não tem credibilidade.”

Segundo a análise feita por Edwin Gale, professor na Universidade de Bristol, sobre estudos de análogos da insulina conduzidos pelos laboratórios Novo Nordisk, Eli Lilly e Sanofi, falta rigor científico nos trabalhos.

Um dos estudos, com mais de 66 mil pessoas, acompanhou os voluntários por 18 meses (quando o ideal para esse tipo de pesquisa são cinco anos) e exigia como comprovação de efeito colateral (hipoglicemia) um exame laboratorial. Com isso, foram registrados pouquíssimos desses eventos, dando aparência de vantagem da nova droga sobre a antiga.

Os laboratórios defendem seus métodos.

De acordo com o texto publicado pelo ex-funcionário da indústria, além de mexer nas estatísticas, os laboratórios permitem que o departamento de marketing acompanhe todas as etapas dos estudos. O grande número de pacientes participantes serve, segundo ele, para disseminar a prescrição do novo remédio entre os médicos.

“Levávamos [médicos] para os melhores hotéis e restaurantes durante as reuniões. Depois, atuavam como ’embaixadores’, dando conferências, ensinando médicos e falando com a mídia sobre os benefícios da droga.”

Laboratórios defendem seus métodos

As empresas citadas nos artigos do “British Medical Journal” responderam por meio de nota aos questionamentos publicados.

O laboratório Sanofi afirmou que acredita que os ensaios clínicos devem contar com objetivos científicos claros “para ampliar a base de evidências em prol dos interesses dos pacientes”.

Segundo o comunicado, esse princípio é aplicado em todas as pesquisas conduzidas pela empresa. A Sanofi diz ainda que os estudos atendem aos quesitos éticos e regulatórios do Brasil.

“No país, foram e são realizados estudos de alto grau de evidência científica, visando ao melhor controle do paciente com diabetes.”

A farmacêutica Eli Lilly afirmou que “não realiza pesquisas médicas com a intenção de que a condução do estudo aumente as vendas de um medicamento”.

A empresa disse ainda que continua comprometida com a realização de pesquisas de impacto e relevância, que respondam a questões científicas e clínicas.

A Novo Nordisk disse que seus estudos clínicos estão “100% alinhados” com regras estabelecidas pelas agências regulatórias de cada país.

Fonte: Folha de s. Paulo

Artigos Relacionados...

Convenções firmadas

SindJundiaí firma CCT com o sindicato dos médicos

INFORME SINDJUNDIAÍ JURÍDICO Nº 25-A/2024 FIRMADA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO COM O SINDICATO DOSMÉDICOS DE CAMPINAS E REGIÃO, VIGÊNCIA DE 1º DE SETEMBRO DE2024 A

Curta nossa página

Mais recentes

Receba conteúdo exclusivo

Assine nossa newsletter

Prometemos nunca enviar spam.

plugins premium WordPress
Rolar para cima