Vacina da USP contra HPV ganha prêmio Octavio Frias de Oliveira

Premiação é uma iniciativa do Icesp e Grupo Folha

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Uma pesquisa da USP levou ao desenvolvimento de uma vacina terapêutica que ataca lesões e tumores causados pelo HPV (papilomavírus humano), o responsável pela maioria dos casos de câncer de colo uterino.
 
O trabalho, ainda em fase experimental, venceu a categoria Pesquisa em Oncologia da quinta edição do Prêmio Octavio Frias de Oliveira. 
 
A premiação é uma iniciativa do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), em parceria com o Grupo Folha. A láurea leva o nome do publisher da Folha, morto em 2007.
 
Na categoria Inovação Tecnológica, venceu um estudo do Instituto Butantan, feito em parceria com a USP, a Recepta Biopharma (empresa brasileira de biotecnologia) e o Instituto Ludwig. O trabalho gerou uma nova linhagem celular para a produção de um anticorpo monoclonal com potencial de combater células tumorais de ovário, rim e pulmão.
 
Na categoria Personalidade em Destaque, a vencedora é a cirurgiã Angelita Habr-Gama, professora titular da USP e uma das maiores especialistas em câncer de intestino do mundo.
 
Para cada categoria, a premiação é de R$ 16 mil e um certificado. Representantes da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e das academias de medicina e de ciências integraram a comissão julgadora do prêmio. Neste ano, houve 15 estudos concorrentes.
 
Na premiação, haverá também uma menção honrosa ao trabalho de um consórcio de pesquisadores coordenado pela USP de Ribeirão Preto, que permitiu reduzir pela metade a mortalidade de um tipo de leucemia (LPA). O estudo, com 180 pessoas, testou uma mudança no protocolo de tratamento da doença.
 
A proposta da imunização terapêutica é aplicá-la em quem já tem alguma lesão ou tumor causados pelo HPV 16 (um dos tipos do vírus), diferentemente das vacinas disponíveis hoje, que impedem a infecção pelo vírus.
Segundo a bióloga Mariana de Oliveira Diniz, uma das autoras da pesquisa, os testes em roedores mostraram que a vacina estimulou o sistema imune, que foi capaz de identificar as células pré-cancerígenas e matá-las. O estudo foi publicado na revista "Human Gene Therapy".
 
Agora, os pesquisadores estão atuando na fase de produção da vacina para a inoculação em humanos.
 
Para o oncologista Paulo Hoff, diretor do Icesp, a pesquisa tem grande potencial no tratamento de outros tumores, já que o HPV está associado a outros tipos de câncer, como os de cabeça e pescoço, de reto e de pênis.
"Países desenvolvidos como os EUA não têm tantas infecções pelo HPV e não há muito interesse em fomentar estudos nessa área. Portanto, linhas de pesquisa como essa são fundamentais."
 
LINHAGEM NOVA
 
O outro estudo vencedor do prêmio, publicado na revista "PLoS One", teve o mérito de desenvolver, pela primeira vez no Brasil, linhagens celulares que permitiram a obtenção de um anticorpo monoclonal batizado de Rebmab 200.
 
Enquanto tratamentos convencionais contra o câncer (químio e radioterapias) atingem, ao mesmo tempo, células tumorais e sadias, esses anticorpos são capazes de se ligar a moléculas específicas dos tumores, agindo apenas sobre elas.
 
"Gerar linhagens de anticorpos está alinhado com o que as indústrias fazem pelo mundo", afirma a bióloga Ana Maria Moro, coordenadora da pesquisa.
 
Segundo ela, há dados que indicam que o anticorpo reconhece 90% dos tumores de ovário, mas serão necessários mais ensaios clínicos para atestar o seu uso terapêutico.
 
Para Paulo Hoff, o país deveria investir mais em pesquisas inovadoras como essas. "Queremos ver a geração de conhecimento novo. Não podemos ficar copiando o que foi feito lá fora."

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