O mercado brasileiro de planos de saúde médico-hospitalares registrou, em setembro de 2015, o total de 50,26 milhões de beneficiários. O número representa uma queda 0,3% em relação ao mesmo mês de 2014, com a saída de 164,4 mil beneficiários. Os dados constam no boletim "Saúde Suplementar em Números", produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) e que será divulgado na próxima semana. No terceiro trimestre de 2015 em relação ao trimestre anterior, a queda foi de 0,5%, o que representou a saída de 236,21 mil beneficiários.
"Avaliamos que, na comparação anual, que não sofre influência de efeitos sazonais como na análise trimestral, a queda de 0,3% representa uma quase estabilidade, o que demonstra a resiliência desse setor em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e até ao nível de emprego", analisa Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS. "No trimestre, a queda foi mais acentuada, confirmando o que já ocorria no trimestre anterior. Entretanto, não é possível afirmar que essa seja uma tendência, porque não é esperado que a atividade econômica mantenha a intensidade de queda registrada nos últimos 12 meses", observa.
De acordo com os números do boletim, na comparação anual, houve uma maior queda no total de vínculos de planos individuais. Entre setembro de 2015 ante o mesmo mês do ano anterior, o total de beneficiários de planos caiu 1%, o que equivale a menos 87,5 mil vínculos. No trimestre, a queda foi de 0,5%, ou 51,88 mil vínculos.
Na comparação anual, o total de vínculos com planos coletivos permaneceu estável. Sendo que os planos coletivos empresariais – aqueles pagos pelas empresas como benefício aos funcionários – registraram leve retração de 0,1% (47,3 mil) beneficiários, enquanto os planos coletivos por adesão, houve aumento de 0,6%, ou 39,7 mil vínculos. Por outro lado, na comparação trimestral, os planos coletivos por adesão registraram queda de 0,9%, a maior entre todos os tipos de contratação, com a saída de 61,09 mil beneficiários.
Isso demonstra, na visão de Carneiro, que os planos coletivos por adesão podem estar "perdendo fôlego". "Nossa hipótese é que os planos coletivos por adesão receberam, num primeiro momento, a migração de beneficiários de planos empresarias de trabalhadores que perderam o emprego. Entretanto, com o agravamento da crise e o efeito sobre renda, é possível que os beneficiários de planos coletivos por adesão, independentemente do momento de ingresso, tenham dificuldade para conseguir manter seus planos, o que levou à saída de mais de 60 mil beneficiários", analisa.
A expectativa do superintendente executivo do IESS é que o setor deve fechar o ano em queda, mas em proporção inferior à retração do PIB e do nível de emprego. "O plano de saúde é o terceiro principal desejo do brasileiro, atrás de educação e da casa própria. É também um benefício muito valorizado pelos funcionários das empresas. Então, é natural que, enquanto houver condições financeiras, os beneficiários e as empresas tentarão preservar esse benefício", observa. "Notamos, portanto, que a diminuição de beneficiários é proporcionalmente menor do que a queda do PIB. Então, é de se esperar que o mercado sofra com a crise econômica, mas em intensidade menor do que em outras áreas da economia", observa.
O boletim Saúde Suplementar em Números é produzido pelo IESS a partir da atualização da base de informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).