A corrupção na saúde devido a atuações desleais tanto do setor privado quanto do público traz sérios prejuízos ao sistema. Foi isso que afirmou Daniel Barcelos, auditor federal da Controladoria Geral da União (CGU), no Fórum de Ética e Compliance na Saúde, realizado no último dia 14 de março, em São Paulo
Fazendo referência à Operação Lava Jato, que batalha para livrar a política nacional dos esquemas de corrupção, Barcelos tratou da Lava Jato da Saúde e da ótica do poder público sobre os casos de corrupção que assolam o setor. Segundo ele, de 2003 a 2018 a CGU deflagrou 352 operações especiais, conglomerando um prejuízo de, aproximadamente, R$ 4,9 bilhões no território nacional. Desse montante, 27% estavam vinculadas ao segmento da saúde.
O amadurecimento do combate à corrupção, fez diminuir, na opinião de Alexandre Serpa, diretor regional de Compliance da Allergan, a sensação de impunidade e aumentou muito a cobrança da sociedade em relação à ética nas relações de governos e empresas. E, na sua opinião, os hospitais também precisam enfrentar a problemática da corrupção tendo como centro de convergência o compliance. “Quando se fala em corrupção se pensa muito no ‘governo’, mas nosso problema é a corrupção cumulativa. Ela existe em todos os níveis da sociedade. Creio que os hospitais podem ser vistos de maneira semelhante, sendo o topo de uma cadeia de atos de terceiros – indústria farmacêutica, de equipamentos médicos, laboratórios, médicos, seguradoras e dos próprios pacientes –, que acabam acumulando seus efeitos de forma cruel nos estabelecimentos de saúde e cobrando um pedágio muito grande de todos os envolvidos.”, declara o executivo.
Raul Cury Neto, sócio-gerente da Vittore Partners, foi mais longe ao firmar que “o compliance e a ética não são ‘uma moda’, mas sim uma mudança de cultura obrigatória para o país continuar a crescer e se desenvolver.”
Pensando nisso, o Instituo Ética Saúde (IES) – organizador do evento –, segundo seu presidente, Gláucio Libório, vem trabalhando na busca por um ambiente de concorrência justa e transparente, por meio de condutas éticas entre todos, para a sustentabilidade da saúde público e privada. E lançou, em fevereiro, o QuaLLES – um programa que avalia o nível de maturidade de sistemas de integridade de empresas que atuam na área da saúde no Brasil de fabricantes, distribuidores e importadores de produtos médicos, laboratórios de análises clínicas e hospitais. “Este programa eleva o setor, no quesito compliance, a outro patamar, permitindo que empresas que antes desconhecia ou estavam totalmente fora desse conceito possam desenvolver programas cada vez mais maduros e com monitoramento adequado”, explicou o diretor-executivo do IES, Carlos Eduardo Gouvêa
O vice-presidente do SINDHOSP e diretor da FEHOESP, Luiz Fernando Ferrari, e o CEO da Federação e do Sindicato, Marcelo Gratão, marcaram presente no evento.
Veja mais sobre este debate na edição de abril da Revista FEHOESP 360.