Equipamento desobstrui canal de uretra de modo pouco invasivo, vaporizando o interior da glândula
O Centro de Referência em Saúde do Homem, hospital ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, está usando um novo tipo de laser para tratar de pacientes com tumores benignos da próstata ou que sofrem com câncer de próstata em estágio avançado.
O equipamento, que custou cerca de R$ 300 mil, está em uso há cerca de dois meses. Pelo menos 60 pacientes já foram operados com a tecnologia.
O novo laser é utilizado para desobstruir o canal da uretra, que fica bloqueado quando a próstata está muito aumentada – o que proporciona dificuldades para urinar.
De modo pouco invasivo, o aparelho vaporiza o interior da glândula e desobstrui o canal da urina. Com isso, o paciente volta a urinar sem dor.
“A bexiga é parecida com o músculo cardíaco, ela precisa funcionar sob baixa pressão”, explica o urologista Joaquim Claro, diretor do centro. “Se há esse estreitamento do canal, a bexiga precisa de mais pressão para funcionar. Com o tempo, o músculo pode entrar em falência e o paciente precisará de sonda para urinar”, completa o especialista. De acordo com ele, é o primeiro equipamento desse tipo no Sistema Único de Saúde (SUS).
Moderno – Segundo Claro, o aparelho é mais eficaz porque age também na presença de água, enquanto os de laser mais antigos só atuam em células com oxigênio (oxi-hemoglobinas).
“Os aparelhos mais antigos perdem o efeito quando acabam as oxi-hemoglobinas, mesmo que o procedimento não tenha terminado. O novo age na presença de água e abre o canal até quando o cirurgião achar que é necessário.” Outra vantagem, segundo Claro, é que o procedimento pode ser feito ambulatorialmente ou com apenas um dia de internação. “Também não provoca sangramento, o que reduz o risco de infecções, promove um pós-operatório melhor e uma economia de até R$ 1,5 mil por cirurgia para o SUS.”
Claro explicou que a cirurgia é indicada principalmente para pacientes que estão com a próstata aumentada – um problema bastante comum entre homens com mais de 45 anos. Mas também é usada em casos de câncer avançado, sem opção de terapia. Ele diz que a cirurgia não causa disfunção erétil nem infertilidade – o que ocorre é uma ejaculação retrógrada.
“Como o canal foi alargado, o calibre fica maior que o original. Quando o homem ejacula, não há força para jogar o sêmen para fora, ele volta para a bexiga e é eliminado na urina.” Se o homem quiser ter filhos, precisará se submeter a um procedimento de reprodução assistida.
Câncer é o 2º entre homens
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre homens no Brasil, atrás do câncer de pele não melanoma, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Estima-se que mais de 50 mil novos casos sejam detectados todos os anos.
A próstata é uma glândula que fica abaixo da bexiga e à frente do reto e é responsável pela produção de parte do sêmen. Alguns tumores que acometem a próstata crescem de forma rápida e se espalham por outros órgãos.
Fonte: O Estado de S. Paulo