Presidente do CRM-PR renuncia ao cargo ante imposição de registro de médicos

O Conselho Regional de Medicina do Paraná acolheu a posição do CFM e emitiu nesta terça-feira, 24, os primeiros oito registros provisórios de médicos intercambistas...

Compartilhar artigo

Primeiro grupo de intercambistas obteve autorização nesta terça; conselho diz que vai fiscalizar exercício da atividade, supervisão e condições de trabalho

O Conselho Regional de Medicina do Paraná acolheu a posição do CFM e emitiu nesta terça-feira, 24, os primeiros oito registros provisórios de médicos intercambistas do Mais Médicos. O presidente da autarquia, Alexandre Gustavo Bley, renunciou ao cargo para não assinar os documentos, em protesto à forma impositiva com que o governo federal implantou o programa e agora pressiona e intimida os CRMs a fazer as inscrições, confrontando leis vigentes e preceitos éticos da Medicina, e por entender que a medida é eleitoreira, passando ao largo da solução definitiva de acesso à saúde reivindicada pela sociedade.

“Confesso que prefiro a vergonha da renúncia a ter que conviver com a vergonha de ter traído a minha consciência, pois quando um indivíduo abre mão de suas convicções, perde sua identidade e o significado de sua existência”, expressou Alexandre Bley em sua carta de renúncia apresentada na noite de segunda, durante reunião plenária do CRM, quando realçou que não se sentiria à vontade em homologar a habilitação de um médico sem o devido cuidado e zelo para se assegurar uma assistência de qualidade à população. “A pressão do governo sobre os Conselhos já passou o campo da argumentação e de forma clara passou à intimidação, colocando em risco a existência dessas instituições”, declarou.

Ainda no documento, ele lembra que há 56 anos os Conselhos foram criados e se tornaram responsáveis pela inscrição dos médicos, o que possibilita a fiscalização e o julgamento dos possíveis desvios éticos cometidos por qualquer médico, seja brasileiro ou estrangeiro, formado no exterior ou não, tudo isso para levar segurança à população. É dever legal dos Conselhos garantir essa segurança baseados na certeza da autenticidade da formação e da qualificação do profissional. Para Alexandre Bley, essa é uma questão de coerência, e não de intransigência. Ele renuncia ao cargo, mas “não à luta pela definição de políticas de estado para que o acesso à saúde saia do patamar vexatório em que se encontra e faça jus ao que a Constituição Brasileira traz em seu texto, qual seja um real direito de cada cidadão”.

Ascendendo à presidência, Maurício Marcondes Ribas informou nesta terça-feira que há inconsistências nos dossiês enviados pelo Ministério da Saúde, mas que o mesmo está assumindo a responsabilidade pela legitimidade da documentação. Contudo, disse, o CRM-PR vai exercer o seu papel, buscando informações sobre a autenticidade dos diplomas e fiscalizando os intercambistas estrangeiros, bem como as atividades tutoriais ou de supervisão, como disposto na MP 621/2013 e já admitido pela Advocacia Geral da União. Do mesmo modo, afirmou, continuarão a ser cobradas as condições adequadas para a boa prática médica.

Os registros provisórios do primeiro grupo de médicos do programa foram assinados pelo secretário-geral do CRM-PR, Hélcio Bertolozzi Soares, que prevê a emissão de outros 12 até sexta-feira, 27, ou segunda, 30, pois há falhas documentais. Outros quatro registros foram solicitados e têm prazo até o começo de outubro. Está sendo fornecido somente o número provisório do CRM, já que a cédula de identidade, em confecção pelo CFM, ainda não foi distribuída. São 24 protocolos, de 30 médicos previstos para a primeira fase, sendo que nenhum ocupará posto de alguma cidade desprovida de profissional residente. Outros 58 estão previstos para a segunda etapa.

Leia a carta de renúncia na íntegra

Os registros

Os 20 registros provisórios que devem ser expedidos até o começo da semana que vem pelo CRM são para médicos que vão trabalhar nos seguintes municípios: Curitiba (3), Pinhais (3), Araucária (2) e Arapongas (2), além de Iguaraçu, Capanema, Campo Largo, Piraquara, Contenda, Mandaguari, São Miguel do Iguaçu e Mandaguari (todos com um). O novo presidente do CRM-PR manifestou sua preocupação com a suspensão de concursos para contratação de médicos ou interrupção de contratos de trabalho, em possível tentativa de municípios transferirem o ônus ao governo federal e praticamente não incorporando número maior de profissionais à rede básica de assistência. Outra agravante é o valor da bolsa (R$ 10 mil mais moradia), superior à remuneração paga em muitos municípios.

Ações judiciais questionam a relevância e urgência da MP 621, sendo que o Congresso tem 120 dias para apreciá-la, sob pena de perda automática de seu efeito. O prazo vence no início de novembro, sendo que na semana passada o relator apresentou seu relatório, incluindo a permissão para que o médico estrangeiro possa trabalhar no Brasil mesmo sem ter conseguido o registro provisório para exercer a profissão.

Fonte: CRM-PR

Artigos Relacionados...

Convenções firmadas

Firmadas Convenções Coletivas de Trabalho com SINSAUDESP

FIRMADA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO COM O SINDICATO DOSAUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM E TRABALHADORES EMESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE SÃO PAULO –SINSAUDESP, VIGÊNCIA

Curta nossa página

Mais recentes

Receba conteúdo exclusivo

Assine nossa newsletter

Prometemos nunca enviar spam.

plugins premium WordPress
Rolar para cima