O mercado de cartões acumula um faturamento de R$ 668 bilhões em 2011. Contudo, o total arrecadado pelo segmento é ainda superior, já que no total falta a soma dos cartões pré-pagos. Segundo pesquisa realizada pela Datafolha e pela Unimed a pedido da Appi, empresa responsável pela plataforma tecnológica da Cielo, somente o segmento de cartões pré-pagos de saúde tem o potencial de faturar R$ 15 bilhões por ano. De olho nessa fatia, a Appi cria a Ônix, empresa que atuará no credenciamento e operações deste sistema. Segundo o diretor da divisão de pré-pagos da Appi, Alberto Techera, a perspectiva é de atingir 15% de participação de mercado e crescimento de 60% ao ano a partir de 2013.
O cartão pré-pago pode ser carregado da mesma maneira do de telefonia móvel, de acordo com um valor pré-estabelecido. Cada consulta, independentemente da especialidade médica, possui um valor tabelado e os exames variam de acordo com o tipo, mas os valores são pré-fixados. “Desta forma, não existe uma despesa mensal fixa como nos planos de saúde”, revela Techera, que acrescenta o objetivo de agregar as classes C e D, com renda de R$ 500 a R$ 2.500. A taxa a ser cobrada pela Ônix é um percentual do valor da recarga que varia de 5% a 7,5%.
O diretor conta que a Appi percebeu o potencial a partir da resolução da Agência Nacional de Saúde (ANS) que proibiu a comercialização de cartões pré-pagos pelos convênios médicos. “Abriu uma brecha e identificamos a oportunidade de montar uma adquirente”, diz Techera, que revela que a nova companhia é responsável pela plataforma de aceitação dos cartões, tecnologia, estrutura de recarga e credenciamento de consultórios médicos, clínicas, serviços de diagnóstico, e laboratórios de análise clínica, entre outros. “Projetamos em cinco anos ter 90 mil estabelecimentos médicos credenciados.”
No que se refere à emissão dos plásticos, o diretor da Appi afirma que pode ser realizada por diversos segmentos. “É um nicho fechado, não precisa necessariamente ser uma instituição financeira para emitir os cartões. Pode ser uma empresa de benefícios [emissora de vale-refeição ou alimentação], rede varejista, associações de classe ou administradora de cartões.” A bandeira da rede Ônix será a Sempre, e já existem seis emissores contratados para atuarem nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia.
As projeções de resultado podem ser visualizadas com os projetos piloto. O primeiro, realizado em Itaperuna, no Rio de Janeiro, obteve a adesão de 20% da população em dois anos. “A expectativa era de atingir 12,5 mil usuários em três anos, mas em dois anos 13,1 mil já aderiram ao produto.”
A segunda cidade a receber o projeto inicial foi Poços de Caldas, em Minas Gerais, cujo plano era alcançar 19,3 mil clientes em três anos, mas nos dois primeiros foram ativados 18,1 mil, o que corresponde a um total de 18% da população da cidade.
No mercado total brasileiro, Techera revela que a pesquisa demonstra que o potencial é de atingir nove milhões de pessoas. “Começamos o plano de expansão para a região metropolitana do Rio de Janeiro e de São Paulo”, diz o diretor da Appi, que revela que os investimentos passam de R$ 1,2 milhão. “Não temos a expectativa de recuperar o investimento em 2012, mas em 2013 ele começa a retornar, e pretendemos crescer 60% a cada ano.”
Outro benefício agregado está com o prestador de serviço. Segundo o diretor, a transferência do valor da consulta é eletrônica e ocorre em até cinco dias, enquanto nos planos de saúde o intervalo pode chegar a 20 dias.
Cartão frete
Além do cartão pré-pago de saúde, a recém-criada Ônix atuará como credenciadora no ramo de transportes com os cartões frete, que consistem em formas de pagamento para despesas da viagem, como pedágio, combustível ou parcelas do frete. “Está avaliado em R$ 60 bilhões por ano; pretendemos atingir 2% deste mercado”, afirma o diretor da divisão de pré-pagos da Appi, que acrescenta que o processo de credenciamento de postos já foi iniciado, e que a meta é totalizar 12,5 mil em nível nacional.
Fonte: Jornal DCI