Grupo considera aconselhamento em show inadequado e acusa o Ministério da Saúde de ”ação marqueteira”
O Fórum de ONG/Aids do Rio de Janeiro quer impedir a testagem rápida de HIV durante o Rock in Rio, que começará no dia 23 de setembro. O grupo critica o que considera aconselhamento inadequado para as pessoas que vão fazer o exame e acusa o Ministério da Saúde de promover uma “ação marqueteira”.
O grupo de organizações pretende questionar na Justiça a estratégia do ministério, se não conseguir convencer o governo federal a mudar a abordagem. O tema foi discutido no Encontro Regional de ONG/Aids do Sudeste, que terminou sábado, em Volta Redonda, no sul fluminense.
“O que a gente critica é a banalização da aids. O bom aconselhamento pré e pós-teste tem impacto positivo na vida da pessoa. Se ela não estiver com aids, pode mudar seu comportamento de risco. Se for soropositivo, procura tratamento. A falta desse apoio vai contra tudo que o ministério preconiza”, afirma o secretário executivo do Fórum de ONG/Aids, William Amaral.
O ministério tem apostado na estratégia de dar visibilidade à testagem, dentro do programa Fique Sabendo. Isso já ocorreu no carnaval de Salvador, em paradas gays, na Festa do Caminhoneiro e no Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). No evento que reuniu caminhoneiros, em julho, foram feitas 500 testagens. Nenhum resultado deu positivo.
Durante o festival de rock, o ministério terá um estande dividido em três ambientes – uma recepção, onde são exibidos vídeos e estarão dois aconselhadores; a sala de testes (onde também estará presente o aconselhador); e o terceiro, dividido em três cabines individuais, onde cada pessoa receberá o resultado individualmente. O stand terá capacidade para fazer 500 testes em cada um dos sete dias do evento.
“Vídeo não substitui aconselhamento feito pelo psicólogo, que é o profissional mais indicado para tratar do assunto”, defende Amaral, que busca o apoio do Conselho Federal de Psicologia para suspender a testagem.
Direito ao sigilo – O diretor do Departamento de DST/Aids do ministério, Dirceu Greco, ressalta que a pasta sempre “primou pelo respeito absoluto aos direitos humanos e ao direito ao sigilo”. “Estamos lidando com um público jovem, que não viu o processo do surgimento da aids, em uma geração em que a vida sexual começa mais cedo. Esse é o nosso desafio: discutir a importância de testar, para ter acesso precoce ao tratamento.”
Greco ressaltou que três hospitais municipais estarão preparados para receber as pessoas que receberem o resultado positivo e já quiserem passar pelo atendimento médico, mesmo no fim de semana.
Fonte: O Estado de S. Paulo