O Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SINDHOSP) está preocupado com o fechamento de mais 600 leitos especializados em saúde mental que serão extintos no Estado até início de 2013. Atualmente, São Paulo, o maior polo de saúde do país, conta com pouco mais de 13 mil leitos de internação para o tratamento de doentes mentais. Isso equivale a uma relação de 0,23 leito por mil habitantes, quando a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de um para mil. No Brasil, há cerca de 35 mil leitos, ou 0,18 para cada grupo de mil habitantes. “Isso ocorre devido à política equivocada, de desospitalização, adotada pelo Ministério da Saúde há alguns anos e que levou ao fechamento de milhares de leitos especializados em saúde mental no país. E o pior: isso não veio acompanhado pela garantia de uma rede extra-hospitalar formada por Centros de Apoio Psicossocial, os CAPs, residências terapêuticas e outras ações”, afirma o presidente do SINDHOSP, Dante Montagnana.
O fechamento de leitos preocupa devido ao aumento da demanda de doentes mentais não só no Brasil, mas em todo o mundo. Estimativas indicam que 20% da população do planeta têm algum distúrbio mental. Entre eles, o que mais preocupa a maioria dos municípios brasileiros é a ascensão do crack e de outras drogas, que necessitam de internação para tratamento. Pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios realizada em 3.950 cidades brasileiras mostra que 98% delas já enfrentam problemas com o crack. 17% dos viciados na droga têm até 17 anos de idade.
Dante Montagnana ainda lembra que o hospital especializado é uma ferramenta indispensável dentro da cadeia de assistência à saúde mental. “O governo federal adotou uma política de asfixia, ao remunerar uma diária hospitalar em saúde mental a partir de R$ 35, incluindo cinco refeições, atendimento médico, de enfermagem, medicamentos, terapia ocupacional e tudo o que envolve a especialidade. Isso levou muitas instituições ao fechamento e outras tantas estão sucateadas no país. Mas é preciso reverter isso já, pois ao persistir essa atual política nessa área quem sofrerá é a sociedade”, alerta.
Há casos em que a internação é necessária, como na desintoxicação de viciados em drogas e álcool, nos surtos psicóticos, onde há riscos de suicídio, nas esquizofrenias paranoides, quando os pacientes estão incontroláveis e violentos e também em alguns casos de transtorno obsessivo compulsivo. Antes da chamada “Reforma Psiquiátrica” existiam cerca de 120 mil leitos psiquiátricos no Brasil. De 2001 para cá, foram fechados 84 mil. Dante Montagnana ainda defende, além da manutenção dos leitos e de melhores condições de trabalho e remuneração, a organização de uma rede de atendimento extra-hospitalar, residências terapêuticas, cuidados familiares e ações de educação para conscientização da sociedade sobre as doenças mentais para evitar a discriminação.
Fonte: SINDHOSP