Pesquisa mostra que 86% dos brasileiros já receberam essa orientação na hora de comprar medicamento
Estudo da ProTeste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) revela que 86% dos brasileiros já tiveram um medicamento de marca substituído por genérico por sugestão do farmacêutico.
A entidade ouviu 690 pessoas e 119 médicos em todas as regiões do país.
O levantamento também mostra que, apesar de os genéricos existirem há 11 anos no país, quase metade dos médicos desconfia da sua qualidade e segurança.
Na pesquisa, 45% dos profissionais disseram acreditar que o processo de avaliação e controle de qualidade é menos exigente do que o que ocorre com os medicamentos de marca, e 44% acreditam que esses remédios sofrem mais falsificações.
Entre um terço e um quarto desses profissionais diz que não concorda com a ideia de os genéricos serem tão eficazes (30%), nem de terem a mesma segurança (23%) que os remédios de referência.
Quase metade dos médicos (42%) afirma não ter o hábito de prescrever genérico.
Ainda assim, a maior parte deles (92%) relatou ter prescrito genéricos nos últimos 12 meses para reduzir o custo do tratamento ou a pedido do paciente.
Não há evidências científicas de que os genéricos tenham efeito menos eficaz que o dos remédios de marca.
Consumidor
A percepção da população, no entanto, é positiva. Para 83% das pessoas ouvidas no estudo, os genéricos são tão eficazes quanto os medicamentos de referência. E, para 80% delas, apresentam inclusive a mesma segurança.
A opinião dos entrevistados não mudou quando perguntados se fariam uso dos genéricos para tratamento de doenças de diferentes tipos de gravidade.
Só 8% dos consumidores afirmam que consumir medicamentos genéricos é arriscado. Cerca de 90% dos entrevistados afirmaram também que é fácil encontrar os genéricos nas farmácias.
Hoje, os genéricos representam 21% das vendas (em unidades) de medicamentos no país.
Os dados do trabalho foram apresentados ontem durante seminário internacional em São Paulo.
Orientação
Para Maria Inês Dolci, coordenadora do ProTeste e colunista da Folha, são necessárias mais campanhas de orientação para os profissionais de saúde e a população.
Segundo ela, a pesquisa chama a atenção para a grande influência exercida pelos farmacêuticos na hora da venda dos medicamentos ao paciente. “É preciso ter a garantia de que quem está sugerindo um outro remédio é um farmacêutico qualificado, e não um balconista.”
A ProTeste também encaminhou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pedido para criação de programa de controle para aumentar o grau de segurança dos genéricos.
Segundo Odnir Finotti, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, pesquisas comprovam a segurança e a eficácia dos genéricos.
Fonte: Folha de S. Paulo