A FESAÚDE realizou a reunião inaugural de sua nova Câmara Técnica voltada a Assuntos de Governança Clínica de hospitais, laboratórios e clínicas médicas. A CACLIN se soma à CAPE (Assuntos Políticos e Estratégicos), à CATS (Assuntos Trabalhistas e Sindicais) e à CAMED (Assuntos de Medicina Diagnóstica), além da futura CAIF (Assuntos de Instituições Filantrópicas). Francisco Balestrin, presidente dos conselhos da FESAÚDE e do SindHosp, abriu o evento. “Nossas Câmaras trabalham com temas técnicos importantes, pertinentes para as negociações do nosso dia a dia”, destacou Balestrin.


Falaram nesta primeira reunião da CACLIN o head Leonardo Vedolin, vice-presidente Médico e de Operações da Dasa, e o coordenador José Antônio Maluf de Carvalho, diretor Técnico-Científico da FESAÚDE. A CACLIN nasce com um escopo bem definido: colocar o paciente no centro das discussões, fomentar qualidade, segurança e excelência dos serviços de saúde e viabilizar diagnósticos do negócio por meio do Núcleo de Inteligência e Conteúdo (NIC) da FESAÚDE. “O nosso diferencial é justamente o olhar voltado ao paciente e as iniciativas para difundir o melhor cuidado nos campos prático e administrativo, além da conexão e discussão de pautas técnicas relevantes”, definiu José Antônio Maluf. “Vamos trabalhar para que esta câmara seja um farol de governança clínica do cuidado para as nossas instituições”.
Cuidado escalável, seguro e orientado pelo desfecho
Durante o encontro, o head da CACLIN fez uma apresentação especial abordando como tema seus “Aprendizados na jornada de criação de um modelo de governança clínica em uma rede privada de saúde no Brasil”. O radiologista Leonardo Vedolin revelou como trabalhou para estruturar na Dasa um modelo de cuidado escalável, seguro e orientado ao desfecho em uma rede de hospitais muito diferentes espalhados por todo o Brasil. “Tivemos de transformar a visão de que valor não é aquilo que eu acho, mas, sim, aquilo que o paciente necessita”, pontuou Vedolin. “Além da transformação cultural, criamos uma plataforma digital, estabelecemos um crescimento inorgânicos na cadeia de valor com fusões e aquisições, tratamos os dados como diferencial competitivo, colocamos o paciente no centro e estipulamos uma integração da jornada de cuidado com a cadeia de valor ‘phygital’, que une o físico e o virtual”.


Segundo Leonardo Vedolin, o plano tático do projeto se baseou em três agendas de mudanças, considerando a referência do conceito de empresas de alta confiabilidade (HRO, na sigla em inglês), a cultura justa e a cultura de segurança do paciente. “Um dos grandes desafios foi medir performance, qualidade, a intrínseca, como adesão, e a extrínseca, como custo. Também estruturarmos uma diretoria de governança clínica centralizada, independente das unidades de negócio, sem cobrança de receita e rentabilidade, com um comitê de análise de valor (CAV) focado em eficiência clínica e cirúrgica e um comitê médico executivo, entre outras medidas”, explicou Vedolin. “No fim, o desafio foi criar um modelo de gestão único, padronizando a forma como a gestão é feita”.
O head da CACLIN contou que levou três principais lições desse projeto na Dasa. “Há muito desalinhamento de incentivos no sistema de saúde, o que impõe campos de força antagônicos em torno de ganhos de hospitais, pacientes e operadoras de saúde. Outra questão é a fragilidade dos dados: estamos fazendo investimentos massivos em inteligência artificial, quando na verdade o problema são nossos dados, que estão em ambientes frágeis. Por fim, lidar com a expectativa versus a realidade diante da resistência à mudança, considerando as diferenças entre o que os executivos pensam e o que se faz e se pensa nos corredores das unidades de negócio”.

