A Câmara de Assuntos Políticos e Estratégicos da FESAÚDE recebeu o médico e deputado federal Ismael Alexandrino em sua última reunião de 2026 para tratar da interoperabilidade de dados na saúde. Realizado na sede da ARCA, o encontro também promoveu um painel especial sobre a COP30 e sua relação com a saúde.
Segundo Alexandrino, que convesou com Francisco Balestrin, presidente dos conselhos da FESAÚDE/SindHosp, o Projeto de Lei sobre Interoperabilidade e Transformação Digital da Saúde (PL 3719/2025) não cria um sistema único e obrigatório. “A ideia é termos um sistema unificado por meio de integração de plataformas. Cada instituição continua com sua tecnologia e o governo fornece uma camada de padronização similar a um carplay”, explicou o deputado. “Assim cada gerador de dados continua responsável por armazená-los”.


A expectativa é de redução de 15% a 18% dos custos no setor privado e um percentual ainda maior no setor público. “Estimamos uma economia de 100 bilhões de reais ao ano, com redução de exames duplicados, dados mais confiáveis para pesquisa, melhoria da gestão pública e do planejamento de longo prazo, além de acompanhamento de adesão ao tratamento com registro integrado de farmácias e receitas”.
O convidado da CAPE lembrou que o SUS é sustentado por três pilares: saúde pública, terceiro setor e setor privado. E enfatizou: “O tripé precisa funcionar em equilíbrio. O país precisa de dados estruturados para enfrentar doenças crônicas, oncológicas, transtornos mentais e traumas. O sistema atual não é sustentável por mais de dez anos sem mudanças estruturais”. Segundo ele, depois de passar por comissões da Câmara, o PL deve ir a plenário no primeiro semestre de 2026. Se aprovado, segue para o Senado.
COP30
Na segunda parte da reunião da CAPE, o painel Saúde e COP30, mediado por Larissa Eloi, diretora-executiva da FESAÚDE, recebeu os palestrantes Claudia Cohn, diretora de Relações Institucionais da DASA, Vital Ribeiro, presidente do Conselho do PHS, e Cesar Nomura, presidente da Abramed.


César Nomura disse que setor de saúde responde por cinco por cento das emissões globais e, ao mesmo tempo, há mais de três mil hospitais em áreas vulneráveis. Segundo ele, existem exemplos alarmantes de poluição em centros urbanos. “Já há casos de microplásticos encontrados no cérebro de seres humanos. Na área da saúde iniciativas como recolhimento de filmes radiológicos, redução de uso de água e energia e substituição de copos plásticos”, destacou o presidente da Abramed.
Para Cláudia Cohn, o setor da saúde ignorou a agenda de clima por muitos anos. “Falta sensibilização interna no setor, que carece de dados padronizados. Os hospitais consomem muita energia e geram muitos resíduos. Há necessidades de consolidarmos informações e criar planos de ação”, sustentou a executva da Dasa.
Vital Ribeiro lembrou que a COP30 é parte de uma trajetória longa iniciada na Eco-92, em 1992, mas a saúde só ganhou destaque recentemente. “O Plano Saúde e Clima de Belém foi aprovado e o Brasil lançou o AdaptaSUS, porém com recortes limitados. O setor precisa pensar sua posição nas negociações globais. O tema sustentabilidade afetará diretamente infraestrutura, cadeia de produção e operação do setor”, afirmou o presidente da PHS.





