Trabalho na saúde precisa se tornar atrativo

Todos os setores da economia no Brasil encontram dificuldades em contratar mão de obra qualificada. A formação do capital humano é deficiente e um dos entraves ...

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Todos os setores da economia no Brasil encontram dificuldades em contratar mão de obra qualificada. A formação do capital humano é deficiente e um dos entraves para fazer com que o país possa competir de igual para igual no mercado globalizado. Na saúde, não é diferente. Nota-se, porém, que os formandos das melhores universidades de economia, administração e engenharia de produção do país, por exemplo, acabam ingressando no mercado financeiro, de alimentos, bebidas, indústria, menos na saúde. E por que isso acontece?

“O mercado de saúde precisa se tornar atrativo para os novos talentos. O problema do setor começa com os salários, que são baixos, passa pelo ambiente pouco democrático, pela estagnação e na importância que os atuais empresários e gestores dão aos equipamentos em detrimento dos recursos humanos. Poucas empresas do setor seguem o caminho oposto, valorizando o conhecimento e o capital humano”, afirma o vice- coordenador de Pesquisa em Regulamentação Econômica e Estratégias Empresariais da PUC/ SP, Eduardo Perillo. Segundo ele, em muitas organizações de saúde os colaboradores ainda são vistos como um mal necessário, ou uma despesa operacional inevitável. “Quanto se investe em formação versus quanto se investe em equipamentos e instalações nas instituições de saúde? Essa simples equação evidencia o quanto a indústria da saúde ainda necessita evoluir. Pessoas fazem a diferença, não equipamentos”, defende.

Eduardo Perillo será um dos palestrantes do módulo de Capacitação Profissional do 17º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde, evento internacional do ClasSaúde que acontece nos dias 23 e 24 de maio, em São Paulo. Ele irá falar sobre A Dimensão do Mercado de Trabalho da Saúde Brasileira. “A maior deficiência de formação profissional na saúde está na área de gestão. A indústria da saúde ainda está em consolidação, é recente entre nós o conceito de cadeia produtiva e as velhas práticas amadoras ainda prevalecem”, ressalta. Para Perillo, não está cristalizada a ideia de que é preciso investir em conhecimento para entender o consumidor, as necessidades sociais e para onde vai o mercado. “Há pouca disposição para investir em pesquisas e produzir conhecimento local, específico, que possa resultar em melhor economicidade e melhor qualidade de gestão”.

A solução desse problema não passa necessariamente por políticas públicas, na visão do pesquisador. Para ele, a responsabilidade é da sociedade, que deveria escolher melhor seus representantes e pressioná-los para que levem adiante projetos que sejam de interesse da sociedade de maneira geral, e não do partido A, B ou de outras corporações. “A indústria, inclusive a da saúde, deve sinalizar para as universidades o tipo de profissional que deseja e as universidades produzirão os cursos necessários. Uma indústria madura deve detectar suas necessidades de conhecimento, do tipo de profissional que necessita e investir para obtê-los, patrocinando pesquisas e cátedras universitárias, como acontece nas economias consolidadas. O caminho do desenvolvimento passa pela educação e pelo conhecimento, sem dúvida, mas não necessariamente pela via do governo”, defende Eduardo Perillo.

Questionado se o Brasil forma poucos profissionais ou se estes são mal formados, Eduardo Perillo afirma que coexistem ambos os problemas. “Cresce o número de escolas e de profissionais formados, enquanto decresce a qualidade da formação, cada vez mais rasa e massificada. O objetivo parece ser obter o diploma, não o conhecimento”, lembra. Para ele, a área mais crítica em formação de mão de obra na saúde é que está ligada aos cuidados diretos. “Com o envelhecimento da população, a atenção aos idosos demandará cada vez mais profissionais”, finaliza.

O 17º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde está dividido em três módulos: Sistema de Saúde Público-Privado (23 de maio), Capacitação Profissional (23/05) e Saúde Suplementar (24/05). Oficiais da Hospitalar Feira + Fórum, segunda maior exposição de produtos e serviços para o setor no mundo, os eventos são promovidos pela Confederação Nacional de Saúde (CNS), Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Fenaess), Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SINDHOSP) e Hospitalar Feira + Fórum. Inscrições e informações pelo site www.classaude.com.br. Desconto para sócios da CNS, Fenaes, SINDHOSP e FBAH.

Fonte: ClasSaúde

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