Remédios, da classe dos biológicos, têm ação mais específica contra a doença, que faz articulações degenerarem
O Ministério da Saúde vai incorporar à rede pública cinco medicamentos de ponta contra a artrite reumatoide, doença autoimune que provoca inflamações graves e pode levar a incapacitações.
Hoje há dez remédios no SUS contra a doença, sendo três da classe dos biológicos.
Criados com tecnologias modernas e de ação mais específica, os biológicos são usados por pacientes com formas severa e moderada da doença e que não respondem ao tratamento tradicional.
Em até seis meses, os outros cinco biológicos disponíveis no país -abatacepte, certolizumabe pegol, golimumabe, tocilizumabe e rituximabe- passarão a ser oferecidos, segundo decisão que deve ser publicada hoje no “Diário Oficial da União”.
Nesse mesmo prazo, deve ser publicado o protocolo atualizado sobre a doença, com diretrizes para o tratamento.
“A artrite reumatoide é uma causa importante de incapacidade e sofrimento do paciente. A incorporação dos cinco de uma vez só vai permitir variedade para o tratamento”, afirma o ministro Alexandre Padilha (Saúde).
O ministério estima que pelo menos 30 mil pacientes possam ser beneficiados com os novos remédios. Para especialistas, o universo pode se estender para até 120 mil.
O ministério calcula que o custo do tratamento com os biológicos pode cair dos atuais R$ 25 mil anuais por paciente para R$ 13 mil. Isso porque, diz, haverá oferta mais variada de remédios, redução de demandas judiciais e a compra será centralizada.
Indicações
Geraldo Castelar, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, diz que as incorporações tornam o país “totalmente atualizado em termos de medicamentos” para a doença. E vão permitir que pacientes que não respondem aos tratamentos atuais tenham chances com outros remédios, que têm mecanismos de ação diferentes.
Castelar ressalva, porém, a importância de o novo protocolo dar maleabilidade para o médico escolher qual remédio vai prescrever – já que, explica ele, nenhum estudo atesta que um é mais seguro ou melhor que o outro.
“Não se sabe ainda qual vai ser o protocolo para determinar a primeira escolha [da prescrição]. Preço ou a experiência com o remédio?”, diz.
Lauda Santos, presidente da Anapar (associação que reúne pacientes reumáticos) e mãe de uma jovem com a doença, faz ponderação semelhante. “É muito importante considerar o tratamento prescrito pelo médico e a resposta de cada paciente.”
Santos diz que a incorporação demorou e cobra mais agilidade da rede para diagnosticar e indicar o medicamento mais apropriado.
A demanda pelos remédios gerou até mobilização pelo Twitter no último ano, parte feita por Priscila Torres, paciente e autora de um blog sobre a doença.
Ela diz que a inclusão vai evitar a judicialização em Estados que não oferecem o remédio por conta própria. “Até cumprir a decisão, o paciente perdia 30 ou 60 dias, o que significa degeneração articular, dor. Perdia, por exemplo, a articulação do quadril.”
Fonte: Folha de S. Paulo