Conhecer bem os genes não significaria prever doenças futuras
Em breve, exames de mapeamento genético serão acessíveis para qualquer um. Mas uma nova pesquisa questiona a utilidade do sonho do genoma personalizado.
Segundo um levantamento da Universidade Johns Hopkings, para uma pessoa comum, esmiuçar o próprio DNA não funcionará como uma bola de cristal para antever doenças.
Os cientistas desenvolveram um modelo a partir dos registros de milhares de gêmeos idênticos que, apesar da altíssima semelhança genética, podem desenvolver doenças diferentes.
Os pesquisas avaliaram 24 enfermidades distintas, incluindo diferentes tipos de câncer, problemas cardíacos, diabetes e Alzheimer.
No melhor dos cenários, a maioria das pessoas receberia a informação de que tem risco aumentado para pelo menos uma dessas doenças, afirmou Bert Vogelstein, geneticista especializado em câncer da Johns Hopkins e autor principal do estudo publicado na “Science Translational Medicine”.
Mas mesmo quem recebe o diagnóstico negativo não está livre das doenças. Apenas está dentro da média de risco da população em geral.
Isso acontece porque várias doenças podem depender de muitos outros fatores. O câncer, por exemplo, em geral não resulta de genes herdados, mas sim de mutações que podem ocorrer a qualquer momento.
Apesar de constatar que o mapeamento genético pode não ser relevante para muita gente, os pesquisadores se apressaram a dizer que isso não invalida esses exames.
Em casos específicos, dizem eles, os resultados podem ser “transformadores”.
Fonte: Folha de S. Paulo