A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, maior hospital filantrópico da América Latina, interrompeu os atendimentos de urgência e emergência na tarde desta terça-feira (22), na região da Santa Cecília, no centro da capital paulista.
O hospital informou que o motivo é a falta de recursos para comprar medicamentos e materiais como seringas e agulhas. Em nota, a assessoria de imprensa da Santa Casa informou que está tentando reverter a situação.
De acordo com o provedor do hospital, Kalil Rocha Abdalla, a Santa Casa tem uma dívida de R$ 50 milhões com fornecedores que se negam a entregar novas encomendas enquanto o valor não for pago.
“Não temos dinheiro para remédio, onde preciso comprar 100, só consigo 50. Além do pronto-socorro, temos 700 leitos e não temos condições de atendê-los bem, como sempre fizemos”, afirmou.
Segundo ele, o problema ocorre há anos porque a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) para repasses está desatualizada.
“O governo perdoou nossas dívidas, mas os fornecedores não. Atendemos quase 10 mil pessoas por dia e já comunicamos para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e para o resgate para que evitem trazer mais pacientes para cá”, disse Abdalla.
Os portões do hospital foram fechados às 18h.
O Ministério da Saúde afirmou que “recebeu com preocupação a informação do fechamento do pronto-socorro da Santa Casa e que a medida unilateral não foi previamente comunicada ao ministério”.
A pasta disse ainda que “entrou em contato com a secretaria Estadual de Saúde, gestora do contrato com a Santa Casa, para conhecer as providencias que serão adotadas e contribuir na solução da situação.
Ainda de acordo com o ministério, “os valores repassados para a Santa Casa não se restringem ao pagamento de procedimentos da tabela do SUS”. “Dos R$ 303 milhões previstos para 2014, a Santa Casa receberá 49,7% em repasse por procedimentos (tabela SUS) e 50,3% em incentivos”, informou em nota.
O governo de SP afirmou que tem auxiliado sistematicamente as Santas Casas e hospitais filantrópicos com recursos extras. “Apenas para a Santa Casa de SP serão encaminhados R$ 168 milhões em recursos extras do tesouro estadual neste ano, totalizando R$ 345 milhões em dois anos.”
Procurada, a Secretaria Municipal da Saúde disse em nota que “não é a gestora do convênio (…) mas entrou em contato com a direção da instituição e se colocou à disposição para fornecer os medicamentos e materiais médico-hospitalares necessários para que o serviço não pare de funcionar”.
Fonte: Folha de S. Paulo