Em almoço-debate do Grupo de Líderes Empresariais, Alexandre Padilha anuncia conjunto de medidas para reduzir tempo de concessão de registros na Anvisa
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou ontem, durante almoço-debate do Lide-Crupo de Líderes Empresariais, um conjunto de medidas que modernizará a análise do registro de medicamentos na Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Sistema de Registro Eletrônico, que começará a funcionar em 15 de abril, reduzirá em até 40% o tempo de análise de cada pedido. Até o fim do ano todos os processos devem tramitar eletronicamente. Atualmente, um processo de registro demora em média nove meses e o objetivo é diminuir para seis meses.
Conforme o ministro disse aos quase 350 empresários e executivos participantes do evento do Lide, entidade criada e presidida por João Doria Jr, a medida deverá estimular a produção e aumentar a competitividade. Serão contratados 314 servidores e 80% vão para a área de registro de medicamentos, para agilizar o processo já a partir de abril, explicou Padilha, que afirmou ser favorável à desoneração de impostos dos medicamentos.
O ministro lembrou que quase 100% dos transplantes são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que cerca de 50 milhões de brasileiros são usuários de planos de saúde. “O Brasil é o único país com mais de 100 milhões de habitantes a ter sistema total público”, citou. Outra questão importante, que precisa ser enfrentada, segundo o ministro, é a da obesidade. “Temos 48,5% da população das capitais com excesso de peso e cerca de R$ 500 milhões são gastos pelo SUS em problemas”.
No evento, um dos principais temas tratou do tempo de espera nos atendimentos em hospitais. “Estamos investindo em novas tecnologias para reorganizar a taxa de ocupação”, assegurou Padilha, relatando que hoje o Ministério de Saúde monitora online os principais hospitais que fazem parte do grupo de urgência/emergência.
Falta de médicos
A falta de médicos também permeou o debate. Segundo o ministro, nos Estados Unidos, 25,9% dos médicos são formados fora do país, enquanto no Brasil esta taxa é de menos de 1%. “Temos forte mercado para médicos, já que, para cada 1,5 de vaga formal disponível, temos apenas um profissional”. Padilha lembra que é preciso ter programa que estimule o profissional a trabalhar nos bairros mais pobres ou nas cidades mais distantes.
Questionado sobre a dicotomia existente entre o sistema público e privado, o ministro foi enfático. “A dicotomia é um atraso”. Ele lembra que parte grande da população possui saúde suplementar e usa SUS. “O SUS também não sobreviveria sem os hospitais privados e filantrópicos, pois temos várias parceiras para transplantes, por exemplo.” Na avaliação dele, a saúde suplementar aprende muito com a saúde pública, como no caso do médico da família e saúde preventiva, e o sistema público também aprende com o privado, como na tecnologia para gestão de novos hospitais. “O que importa é atender bem a população”, afirma.
Para Padilha, o cartão SUS e o prontuário eletrônico são importantes não só na redução de fraudes, como também no melhor atendimento ao paciente, com acesso a exames que realizou, medicamentos que utiliza etc. “Combinado com isso, evitamos a duplicidade de exames e, assim, haverá redução no desperdício.”
Sobre a questão de as santas casas prometerem parar atendimento em abril, o ministro disse que, se estivesse na situação delas, aproveitaria para utilizar mais os recursos do Ministério da Saúde. “Em 2011 criaram-se incentivos específicos pela qualidade do atendimento prestado. Se a Santa Casa quer 100% do SUS, recebe 20% mais por procedimento; se quer participar de programa de transplantes, recebe 60% mais”, explicou.
Focado na saúde
Padilha deu a entender que disputar o governo de São Paulo não é o seu principal objetivo. “Tenho que ficar muito focado na solução dos problemas da saúde e meu desejo é ficar até o fim do mandato como ministro. Tenho certeza de que a presidente Dilma Rousseff vai ganhar a eleição e se ela quiser me manter no cargo, vou aceitar”, afirmou.
O comitê debatedor do Lide foi composto pelo presidente da Amil, Edson de Codoy Bueno; o presidente da Boa Vista Administradora do SCPC, Dorival Dourado; o presidente da Mapfre Seguros, Marcos Eduardo Ferreira; o presidente da Philip Morris, Amâncio Sampaio; o presidente da Roche, Adriano Antônio Treve; o presidente do Jornal do Commercio e da Rádio Tupi, Maurício Dinepi; o presidente da Qualicorp, José Seripieri Jr.; o presidente da revista América Economia, José Roberto Maluf; o presidente da Bionexo, Maurício de Lázzari Barbosa; a presidente da Hospitalar Feira e Fórum, Waleska Santos; e o presidente da lndra, Emilio Díaz.
Fonte: Jornal do Commercio