Ex-ministro diz que pode deixar comissão de especialistas que coordena no MEC
Coordenador de grupo do Ministério da Educação que trabalha na supervisão de cursos de medicina, o ex-ministro Adib Jatene afirmou ser contrário à expansão de vagas na área, anunciada semana passada pelo governo.
Jatene disse à Folha que ele e os demais integrantes da comissão podem se afastar “dependendo do resultado” da reunião a ser feita até julho com o ministro Aloizio Mercadante (Educação).
O ministro autorizou a ampliação de 15% das vagas.
“Tem indicativo de que algumas das faculdades [que terão novas vagas] são muito ruins”, afirmou Jatene, professor e ministro da Saúde nos governos Sarney e FHC.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Mercadante informou que a discordância fez com que Jatene chegasse a pedir a extinção do grupo.
Mercadante argumentou que a comissão será importante para acompanhar as novas vagas. A decisão será tomada após a reunião.
A comissão de especialistas, que conta com 15 membros, foi criada em 2008 pelo então ministro Fernando Haddad. O grupo é consultado nos processos de melhoria de cursos de medicina que estão sob supervisão.
Na semana passada, o MEC autorizou a criação de vagas em oito instituições privadas.
Todas receberam nota 3, numa escala de 1 a 5, no último IGC (Índice Geral de Cursos), avaliação da pasta que considera nota dos alunos e qualidade dos professores.
O patamar 3 é o mínimo para que a instituição escape de fiscalizações e intervenções feitas pelo ministério.
Também haverá expansão de vagas em 24 universidades federais. Destas, nove tiveram nota 3 e outras quatro são novas e não foram avaliadas. As demais ficaram com nota 4.
Jatene disse estar preocupado também com o volume das novas vagas, que pode sobrecarregar a área quando todos começarem a se formar.
A expansão na medicina havia sido freada na gestão Lula, justamente pelo temor de que houvesse perda na qualidade dos formandos.
No começo deste ano, Jatene criticou o Conselho Nacional de Educação por ter devolvido vagas que haviam sido cortadas em faculdades mal avaliadas em 2007. Em resposta, o órgão disse que as escolas haviam melhorado.
Fonte: Folha de S. Paulo