Moléstias afetam 1 bilhão de pessoas no mundo, incluindo o Brasil
Treze das maiores farmacêuticas do mundo se uniram ao Banco Mundial e a iniciativas governamentais e privadas para anunciar um superpacote de combate às DTN (doenças tropicais negligenciadas) – grupo que inclui doença de Chagas, esquistossomose, hanseníase e outras presentes no Brasil.
O anúncio, batizado de Declaração de Londres sobre Doenças Negligenciadas, foi feito ontem, após a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgar as novas diretrizes para combater essas doenças.
As farmacêuticas – que incluem Pfizer, Merck, Johnson & Johnson, Sanofi, GlaxoSmithKline e Novartis – se comprometeram a doar cerca de 14 bilhões de tratamentos para dez doenças negligenciadas, entre as quais elefantíase, verminoses e hanseníase, durante os próximos dez anos.
Juntos, os parceiros farão um investimento de aproximadamente US$ 785 milhões para o desenvolvimento e a pesquisa de novos medicamentos, além da melhoria do sistema de diagnóstico e distribuição de medicamentos para os doentes.
“Com os incentivos feitos agora, eu estou confiante que quase todas essas doenças podem ser eliminadas ou controladas até o fim da década”, disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS, no lançamento, em Londres.
Estima-se que 1 bilhão de pessoas -ou seja, uma em cada sete habitantes do planeta- tenha alguma DTN. A grande maioria das vítimas é oriunda de regiões extremamente pobres, o que torna o desenvolvimento de tratamento para esses problemas menos atraente à indústria.
Segundo alguns críticos, a mudança de posicionamento pode estar relacionada ao crescimento do potencial econômico dos países em desenvolvimento – o que torna seus habitantes doentes uma oportunidade de mercado.
Há cerca de uma década, com a explosão da epidemia de Aids em países pobres da África, as farmacêuticas já foram forçadas a prestar mais atenção a esses mercados tradicionalmente desprezados.
Além das farmacêuticas e do Banco Mundial, governos dos EUA, do Reino Unido e Emirados Árabes Unidos estão investindo na iniciativa.
Embora não seja a única organização de saúde a contribuir, o maior volume de investimentos é da Fundação Bill e Melinda Gates, que fornecerá US$ 363 milhões para o combate das DTNs.
“Talvez, no decorrer desta década, as pessoas se perguntem se ainda devem chamar essas doenças de ‘negligenciadas'”, disse o fundador da Microsoft.
Fonte: Folha de S. Paulo