Profissionais da medicina também apresentarão à imprensa campanha publicitária contra abusos das operadoras e 0800 para denúncias de pacientes
Em 4 de abril, sexta-feira, às 10h30, na sede da Associação Paulista de Medicina (Avenida Brigadeiro Luis Antonio, 278, Bela Vista), entidades médicas estaduais e sociedades de especialidades promovem coletiva à imprensa para apresentar detalhes da suspensão da prestação de serviços a planos de saúde na segunda-feira, 7 de abril, Dia Nacional de Protesto contra os Planos de Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Informarão quais serviços serão interrompidos em todo o estado e quais estarão funcionando normalmente em virtude do caráter de urgência e emergência.
Na coletiva de 4 de abril, a Associação Paulista de Medicina e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) ainda apresentarão aos jornalistas uma campanha publicitária contra os abusos dos planos de saúde, que terá início no sábado, dia 5, com inserção de peças na mídia impressa, em portais da internet, e em canais alternativos, como os vagões do Metrô. As mesmas peças serão disponibilizadas pelas entidades para veiculação nos consultórios, hospitais, clínicas e laboratórios, só para citar um exemplo.
A FEHOESP apoia e participa do movimento.
0800 para denúncias de pacientes e médicos
Repetindo uma estratégia usada 15 anos atrás, quando do lançamento de outra campanha de alerta à população, então com o slogan “Tem Plano de Saúde que enfia e faca em você e tira o sangue dos médicos”, a Associação Paulista de Medicina colocará em funcionamento no próprio 4 de abril um número 0800 para denúncias de profissionais de medicina e pacientes usuários das operadoras. A ideia é auxiliar os queixosos a obterem solução adequada e mais rápida possível a seus problemas.
Fisioterapeutas e cirurgiões-dentistas também protestam
Tanto na coletiva do dia 4 quanto no Dia Nacional de Protesto contra os Planos de Saúde e a ANS, fisioterapeutas e cirurgiões-dentistas manifestarão seu descontentamento em relação às operadoras junto com as entidades médicas. Nas duas áreas também há muitas reclamações de profissionais contra as interferências das empresas no cotidiano da assistência e a respeito dos baixos honorários.
Problemas recorrentes e recordes de reclamações
A situação na saúde suplementar se agrava a cada dia. Dias atrás, por exemplo, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) divulgou seu ranking de reclamações de 2013. Os planos, como de costume, permanecem com o vexaminoso primeiro lugar. Na sequência, figuram serviços financeiros, produtos e telecomunicações.
As queixas são recorrentes: negativa de cobertura, reajustes abusivos e descredenciamento da rede assistencial, além dos reajustes. Enfim, um quadro bem semelhante ao apontado em pesquisa do Datafolha de 2013, encomendada pela Associação Paulista de Medicina, na qual 8 em cada 10 usuários de planos relataram problemas como dificuldade para a marcação de consultas, falhas no atendimento em pronto-socorro, dificuldades para a realização de exames, cirurgias e procedimentos de maior custo, entre outros.
Os médicos, aliás, são tão vítimas quanto os pacientes. Também segundo o Idec, entre 2005 e 2013, houve reajustes de até 538,27% em planos de saúde coletivos. Os profissionais de medicina, de 2000 até agora, tiveram cerca de 60% de recomposição, diante de um IPCA de 99,86%.
Para agravar o quadro, as empresas da saúde suplementar atacam o que há de mais sagrado para os médicos: a autonomia na relação com os pacientes. Pesquisa de 2012, do Datafolha, mostra que 9 em cada 10 profissionais reclamam de interferências dos planos no dia a dia dos consultórios. São pressões para reduzir exames e outros procedimentos, reduzir internações, acelerar altas, enfim, uma série de abusos prejudiciais ao correto exercício da medicina e aos pacientes.
Médicos doam sangue aos pacientes em 7 de abril
Em uma ação de cidadania, os médicos aproveitarão a suspensão do atendimento em 7 de abril e promoverão campanha de doação sangue. Um posto de coleta funcionará das 9h às 14h na sede da Associação Paulista de Medicina (Avenida Brigadeiro Luis Antonio, 278), para receber sangue. Detalhes serão fornecidos durante a coletiva de 4 de abril.
A forma diferenciada de protesto é explicada pelo presidente da Associação Paulista de Medicina, Florisval Meinão: “Durante o ano todo há planos de saúde tirando o sangue dos médicos e metendo a faca nos pacientes. Desta vez, doaremos nosso sangue por uma boa causa: para os nossos pacientes que são vítimas de toda sorte de abusos e negativas de cobertura de algumas operadoras”.
Segundo o ex-presidente e atual conselheiro do Cremesp, Renato Azevedo Júnior, 2014 é o ano em que os médicos deixarão bem claro que não admitem ataques aos pacientes e nem a eles próprios. Periodicamente, haverá manifestações em defesa da plena assistência na saúde suplementar a na rede pública, o SUS.
“Outra pauta do 7 de abril é por mais investimentos no Sistema Único de Saúde. É absurdo um país do porte do Brasil ser um dos lanterninhas em destinação de recursos à saúde na América Latina”.
Saiba mais:
7 de abril: Dia Nacional de Protesto contra os Planos de Saúde e a ANS