Casos de infecção por superbactéria KPC crescem no país

Registros de pessoas com a bactéria resistente a antibióticos no Distrito Federal aumentaram 68% entre 2010 e 2011 A superbactéria KP

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Registros de pessoas com a bactéria resistente a antibióticos no Distrito Federal aumentaram 68% entre 2010 e 2011

A superbactéria KPC, resistente à maior parte dos antibióticos, avançou nos hospitais desde o surto de 2010.

No Distrito Federal, principal foco das infecções naquele ano, as notificações de casos aumentaram 68% de 2010 (426) para 2011 (715). Segundo a Secretaria de Saúde do DF, 56 pessoas morreram.

No Espírito Santo, eram sete os casos confirmados em 2010. Em 2011, o número subiu para 37, nos três primeiros meses deste ano, 15. Nove pessoas morreram.

Santa Catarina tinha registrado três casos até outubro de 2010, quando, por causa do surto, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pediu aos Estados que enviassem dados sobre KPC. Depois disso, houve 43 casos e três mortes.

Como a KPC normalmente atinge pessoas com doenças graves, não é possível dizer que todas as mortes foram causadas pela superbactéria.

Outros Estados que em 2010 não tinham relatado casos à Anvisa também já têm registros. No Ceará, foram 103 casos suspeitos no ano passado. Neste ano, já há 45. Duas pessoas morreram.

Segundo a Anvisa, o primeiro caso de infecção hospitalar causada por KPC no Brasil foi registrado em 2005.

A superbactéria existe em hospitais porque nesses ambientes há uso frequente de antibióticos, o que favorece o aumento da resistência. Entre as recomendações para evitá-la estão o isolamento de pacientes infectados e o controle da higiene hospitalar.

Minas Gerais, São Paulo e Goiás também registraram casos em 2010. Em Minas, houve uma ligeira queda no números da infecção (12 em 2010, 11 em 2011).

São Paulo, que registrou 70 pessoas infectadas em 2010, não forneceu dados do ano passado. Goiás também não informou dados de 2011.

Prevenção
A Secretaria de Saúde do DF afirmou que dá cursos para profissionais de hospitais. Segundo a pasta, apesar do aumento no número de casos, houve queda em alguns locais, o que mostraria que não há uma endemia.

A coordenadora de controle de infecção de Santa Catarina, Ida Zoz, disse que o treinamento de funcionários para evitar a contaminação foi reforçado e que o aumento de registros pode ter ocorrido porque a notificação dos casos foi reforçada em 2010.

Espírito Santo e Ceará também dizem que pode ter havido subnotificação antes de 2010. Segundo a Anvisa, nenhum Estado registrou surtos neste ano ou em 2011.

Avanço da KPC preocupa, dizem especialistas

O avanço da KPC é preocupante, segundo especialistas ouvidos pela Folha, porque poucos antibióticos conseguem combater a superbactéria, e ela afeta pacientes que já estão em estado grave.

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Simão Ferreira, afirma que a maior parte dos pacientes desenvolve pneumonia ou infecções na corrente sanguínea.

O infectologista afirma que as comissões de controle de infecção dos hospitais precisam ficar atentas a medidas como isolamento de pacientes infectados e higiene hospitalar para evitar o aumento no número de casos.

Ele destaca, no entanto, que a KPC existe em todo o mundo e que não é uma preocupação exclusiva do Brasil. “A bactéria já está presente, e casos de infecção vão acontecer não só aqui como em outros países. O importante é tentar estabilizar.”

Medidas
A infectologista Graziella Hanna Pereira, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, afirma que o surto de 2010 fez com que os hospitais intensificassem suas medidas de proteção. Mesmo assim, diz, a bactéria está disseminada no Brasil. “Ela tem se instalado com velocidade rápida de alguns anos para cá, e isso é preocupante.”

Segundo o infectologista Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Oswaldo Cruz, o surgimento de superbactérias está ligado ao uso excessivo de antibióticos em hospitais.

Ele diz que a KPC não deve ser uma preocupação para pessoas saudáveis porque ela se aproveita da debilidade de pessoas que já estão doentes para agir e, por isso, só existe em hospitais.  

Fonte: Folha de S. Paulo

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