Mapeamento molecular de tumores possibilitou a descoberta, que no futuro deve gerar terapias distintas para cada caso
O câncer de mama agora pode ser classificado em dez subtipos, o que no futuro pode gerar tratamentos específicos para cada paciente, afirmaram cientistas que estudaram a genética da doença.
O estudo publicado pela revista Nature também informa que os pesquisadores da instituição britânica Cancer Research UK (Cruk) encontraram genes até então desconhecidos que provocam a doença, o que também abre caminhos para o desenvolvimento de novos remédios.
De acordo com o oncologista português Carlos Caldas, um dos líderes do estudo, as descobertas significam que a partir de agora o termo “câncer de mama” será um coletivo de um número maior de doenças. “Sabíamos como era um tumor de mama visto em um microscópio. Agora, podemos detalhar sua anatomia molecular”, disse. “Essa pesquisa não vai afetar as mulheres que hoje são diagnosticadas com câncer de mama. Mas, no futuro, as pacientes receberão tratamento específico para a ‘impressão digital’ genética de seu tumor”, acrescentou Caldas.
Para realizar o estudo, a equipe, trabalhando em Vancouver, no Canadá, analisou 2 mil amostras de tumores retirados de mulheres diagnosticadas entre cinco e dez anos atrás. Para chegar a uma imagem detalhada da doença, eles estudaram o DNA e também o RNA para descobrir quais genes são ligados ou desligados em cada amostra de tumor.
Essa análise combinada permitiu aos cientistas revelar a identidade dos oncogenes – genes que provocam câncer – e dos genes que suprimem tumores. Isso os ajudou a reclassificar o câncer de mama em dez novas categorias, baseados na atividade dos genes – nos testes atuais, são procurados “biomarcadores” como receptores de estrógeno.
O executivo-chefe do Cruk, Harpal Kumar, disse que as novas descobertas geram um mapa molecular que ajudará os oncologistas a fazer diagnósticos mais precisos. “E isso nos dará a certeza de que estamos dando o tratamento correto para a paciente”, completou. “O estudo muda a forma como encaramos o câncer de mama: não mais como uma única doença, mas como dez doenças diferentes, dependendo dos genes que estão ligados.”
Um estudo feito no ano passado nos EUA mostrou que os casos de câncer de mama no mundo mais que dobraram em três décadas: de 641 mil em 1980 para 1,6 milhão em 2010.
Fonte: O Estado de S. Paulo