Santa Casa fecha ao SUS e funcionários temem corte

A Santa Casa de Vinhedo, entidade filantrópica existente há 51 anos, fechou as portas para atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS). Desde anteontem ...

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Santa Casa de Vinhedo, referência na Região, só atenderá por convênios; dívida é de R$ 70 milhões

A Santa Casa de Vinhedo, entidade filantrópica existente há 51 anos, fechou as portas para atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS). Desde anteontem, o serviço público não está disponível e funcionários – cerca de 550 entre técnicos de saúde e médicos – temem futuras demissões. Segundo eles e o próprio departamento administrativo do hospital, 70% dos atendimentos eram custeados pelo SUS.

Agora, a Santa Casa atenderá apenas pacientes particulares ou conveniados a planos de saúde, o que pode prejudicar os compromissos financeiros da instituição. Previsto pelos funcionários, o corte, no entanto, não foi iniciado. De acordo com o departamento administrativo do hospital, não há data prevista para que seja feito.

Ontem, mais de 300 pessoas participaram de manifestações, como um “abraço” simbólico ao redor do quarteirão do hospital. Depois, seguiram em passeata até a prefeitura e Câmara Municipal. “Esta é uma ação para mostrarmos o nosso medo, não só de perder o emprego como o de perder a Santa Casa”, disse o técnico de enfermagem Gilberto Xavier Vieira Júnior, há dois anos funcionário do hospital.

“Não aceitamos o argumento de que não temos qualidade. Nunca alguém deixou de ser atendido”, frisou o profissional. Nas ruas, usuários do hospital lamentaram o ocorrido. “Eu nasci na Santa Casa. O hospital sempre foi referência na Região. Acho que o problema dos últimos anos foi a gestão”, disse o vinhedense Adilson Francisco Rodrigues.

Segundo informou o provedor do hospital, Getúlio de Souza, aos jornais locais, uma dívida de R$ 70 milhões preocupa a Santa Casa, que também dependerá de parcerias, além dos serviços particulares, para sobreviver. O próprio grupo Sobam, de Jundiaí, foi apresentado como alternativa de nova administração. “Fizemos uma moção ao Ministério da Saúde para perdoar a dívida da Santa Casa”, disse o vereador Rodrigo Paixão. O prefeito informou que só reata com o hospital se uma empresa assumir a gestão.

Vizinhança carregada
Os serviços do SUS na Santa Casa foram rompidos pelo prefeito Milton Serafim (PTB) sob o argumento de falta de infraestrutura. Para substituir, a prefeitura contratou o Hospital Galileo, entidade particular localizada na divisa de Vinhedo com Valinhos – que já recebeu 26 internos da Santa Casa.

A mudança não agradou a população e já começa a refletir em Jundiaí. “Não teremos para onde ir. Já estive no Hospital São Vicente na semana passada”, disse Teresa Cristina de Souza. O contrato com o Galileo, feito sem licitação conforme o Diário Oficial, foi assinado por seis meses, no valor de R$ 1,2 milhão – o mesmo repasse que a prefeitura fazia à Santa Casa.

Casos mais graves já estavam sendo desviados de lá para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas. Em Jundiaí, segundo o Hospital São Vicente, a superlotação nos leitos também decorre de outros hospitais da Região fecharem as portas ao SUS.

De 1993 para cá, houve uma redução de 628 para 340 leitos no hospital diante deste uso. O déficit é de 700 leitos. Só neste ano, o hospital atendeu mais de 3 mil pacientes de outras cidades, como Vinhedo, além de 9,7 mil de Várzea Paulista e 5 mil de Campo Limpo Paulista. Mais de oito cidades são atendidas no local.

Fonte: Jornal de Jundiaí
Foto: Assessoria de Imprensa

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