Planos de saúde deveriam autorizar exame rápido da dengue

Procedimento novo não está incluído no rol da ANS, mas pode detectar a doença em um dia

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A associação de consumidores Proteste pediu à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que torne obrigatória a autorização, pelos planos de saúde, do teste rápido de dengue. O exame do antígeno NS1 pode detectar a doença na fase inicial, com resultado até no mesmo dia. O diagnóstico tradicional identifica o vírus seis dias após o aparecimento dos sintomas.
 
Como o exame mais rápido é um procedimento novo, não está incluído no rol dos serviços obrigatórios, que devem ser cobertos integralmente pelos planos de saúde. “Para evitar que pessoas de baixa renda tenham de fazer exames com diagnóstico mais lento, a Proteste sugere que o Ministério da Saúde e a ANS façam acordo com as empresas privadas de saúde para que o exame não implique ônus para o associado”, explica a nota da associação.
 
Segundo a Proteste, a mudança seria importante devido a magnitude da epidemia no país. “O país atingiu 367,8 casos por 100 mil habitantes, número considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como suficiente para caracterizar epidemia”, ressalta a entidade.
 
A associação acredita que o diagnóstico mais rápido ajuda a evitar mortes, principalmente dos pacientes incluídos nos grupos de risco. “Ter um diagnóstico rápido ajuda a salvar vidas, principalmente de idosos e pessoas com algum tipo de doença preexistente, que são os mais suscetíveis à dengue”.
 
A ANS informou que a lista dos procedimentos obrigatórios é revista a cada dois anos. A última atualização foi em janeiro de 2014. A agência recebe contribuições para nova revisão marcada para 2016.
 
Em nota, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) informou que este exame pode ser de grande utilidade na situação observada em diferentes estados brasileiros, onde o aumento de casos de dengue já alcançou 460,5 infectados, sendo 240% em 2015.
 
Para a entidade, a adoção do teste rápido para a dengue na lista de exames de cobertura obrigatória teria um impacto positivo no sistema de saúde porque reduziria o tempo de resposta aos médicos, economizaria recursos e permitiria a tomada mais rápida de decisões terapêuticas, beneficiando, assim, os pacientes.
 
"Um exame importante para a população brasileira, capaz de diagnosticar uma ocorrência de dengue em fase inicial, não é obrigatório. Porém, a entidade considera que o exame deveria ser de cobertura mínima", enfatiza Vitor Pariz, diretor de Defesa Profissional da SBPC/ML.
 
Outro exemplo, além da dengue, é a infecção por chikungunya, já esperada pelo Ministério da Saúde. A transmissão do chikungunya também acontece pelo mosquito Aedes aegypti, o que torna o diagnóstico muito parecido com o da dengue por suas características clínicas semelhantes. Portanto, o manejo clínico é fundamental para a confirmação da contaminação pelo vírus.
 
Recentemente, laboratórios tentaram negociar o exame rápido da dengue (NS1) diretamente com as operadoras, entrando em contato com mais de 30 planos de saúde para solicitar a inclusão, mas sem retorno. Hoje, somente o Bradesco tem essa cobertura.
Para o diagnóstico da dengue, o que as operadoras cobrem são os testes de sorologia para pesquisa de anticorpos (IgM e IgG), ou seja, a detecção não é diretamente do antígeno (vírus), mas do anticorpo formado contra a partícula viral, processo que leva aproximadamente cinco dias para ser desenvolvido em pessoas com boa imunidade.
 

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