OMS declara epidemia de ebola emergência sanitária internacional

Países afetados terão que vigiar fronteiras, aeroportos e portos

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a epidemia de ebola no oeste da África uma emergência pública sanitária internacional.
 
O comitê de urgência da OMS, que se reuniu na quarta e quinta-feira em Genebra, "considera de forma unânime que são dadas as condições" para declarar "uma emergência de saúde pública de alcance mundial", indicou em um comunicado.
 
Com isso, os países afetados pela epidemia vão ter que adotar, entre outras medidas, exames para detectar o vírus em aeroportos, portos e postos de fronteira, em todas as pessoas que apresentarem febre e outros sintomas semelhantes aos do ebola.
 
Diante de uma situação que se agrava, "uma resposta internacional coordenada é essencial para frear e fazer retroceder a propagação internacional do ebola", acrescentou o comitê.
A epidemia de ebola, que já deixou desde o início do ano até esta sexta 961 mortos e mais de 1.700 supostos casos detectados, é a "mais importante e mais severa" em quatro décadas, ressaltou Chan.
 
A OMS não decretou, no entanto, quarentena nos países afetados – Guiné, Libéria, Serra Leoa e, em menor medida, Nigéria – para não agravar sua situação econômica, mas pediu fortes medidas de controle em seus pontos de saída.
 
Este dispositivo de emergência é o terceiro da OMS depois do decretado em 2009 pela epidemia de gripe aviária na Ásia, e em maio pelo desenvolvimento da poliomielite no Oriente Médio.
 
A diretora estimou que os países do oeste da África afetados pela epidemia não podem enfrentá-la sozinhos e convocou a comunidade internacional a fornecer o apoio necessário.
 
Embora o comitê tenha excluído impor restrições às viagens ou ao comércio internacional, indicou que os "Estados devem se preparar para detectar e tratar os casos de doentes" e "facilitar a evacuação de seus cidadãos, em particular as equipes médicas, expostas ao ebola".
 
“Este é um claro chamamento à solidariedade internacional com os países afetados que não têm capacidade para enfrentar um surto deste tamanho e desta complexidade”, disse Chan.
 
A OMS disse estar preparada para que o surto permaneça em alto nível pelos próximos meses, e afirmou que é provável que a situação piore antes de melhorar.
 
Após este anúncio, a União Europeia classificou de risco muito fraco a propagação do ebola no continente europeu e ressaltou que no caso – pouco provável – de que o vírus alcance o continente europeu, estão preparados para enfrentá-lo.
 
Já o departamento de Estado americano recomendou na quinta-feira que os americanos adiem qualquer viagem não essencial à Libéria devido ao ebola.
 
Recomendações da OMS
 
O comitê ressalta que os chefes de Estado dos países afetados têm que decretar estado de emergência e "se dirigir pessoalmente ao país para fornecer informação sobre a situação".
 
Keiji Fukuda, vice-diretor-geral da OMS encarregado da epidemia, explicou que as pessoas atingidas precisam ficar 30 dias em quarentena porque o tempo de incubação do vírus é de 21 dias.
 
As pessoas que estão em contato com os doentes – com exceção das equipes médicas, que têm uma roupa de proteção – não devem viajar, indicou Fukuda, pedindo também que a tripulação dos voos comerciais receba informação e material médico para se proteger e proteger os passageiros.
 
O comitê da OMS também recomenda que todos os viajantes procedentes dos países afetados façam um check-up, respondendo a um questionário e medindo a temperatura nos aeroportos, portos e nos principais postos fronteiriços.
 
Uganda isolou nesta sexta no aeroporto de Entebbe um passageiro, que apresentava os sintomas do ebola, à espera dos resultados, mas finalmente eles deram negativo.
 
Dois países em estado de emergência, Libéria e Serra Leoa, colocaram em quarentena três cidades na zona contaminada.
 
A Europa recebeu na quinta-feira um primeiro doente com ebola repatriado, um missionário espanhol contaminado na Libéria, dias depois da repatriação aos Estados Unidos de dois pacientes americanos.
 
Nos Estados Unidos, onde seu alerta de saúde encontra-se em nível máximo, a agência de medicamentos (FDA) levantou parcialmente as restrições sobre um tratamento experimental contra o ebola da empresa canadense Tekmira.
 
O vírus ebola é transmitido por contato direto com sangue, líquidos biológicos ou a pele de pessoas ou animais infectados e provoca uma febre caracterizada por hemorragias, vômitos e diarreia. Seu índice de mortalidade varia entre 25% e 90%.
 
IMAGEM: Diretora-geral da OMS, Margaret Chan. (Foto: Alain Grosclaude / AFP Photo)

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