Aumento de custos na saúde é problema de planos

Taxa de sinistralidade é alta e chega a 84,9% da receita

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Os variados segmentos de operadoras de planos de saúde enfrentam, basicamente, as mesmas dificuldades. Segundo os participantes do painel “Presente e Futuro da Saúde Suplementar”, realizado no dia 23, no X Congresso Nacional de Operadoras Filantrópicas de Planos de Saúde, a gestão dos custos, ressarcimento ao SUS, envelhecimento da população, judicialização e a inovação tecnológica são os principais desafios comuns do setor de saúde suplementar.
 
O presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), José Carlos Abrahão, participou da mesa e apresentou os dados do setor, ressaltando que o Brasil é o 2º maior mercado de planos de saúde do mundo, dando assistência a 50,8% da população brasileira. Segundo dados da ANS, 1.417 operadoras estão atuando atualmente, com uma receita de R$ 124,62 bilhões e uma despesa assistencial acima de R$ 105 bilhões. A taxa de sinistralidade também é alta, chegando a 84,9% da receita.
 
Abrahão ressaltou a importância da mudança de foco do negócio, saindo do volume de serviços para o resultado da assistência. Nesse sentido, ele informou que é preciso mudar o modelo de remuneração, já que o que prevalece hoje no Brasil vai de encontro à tendência mundial, uma vez que estimula o consumo e resulta em desperdício, enquanto a Saúde mundial está voltada para a redução e controle.
 
Ele voltou a defender a integração do Sistema de Saúde brasileiro, citando medidas como o cartão nacional de saúde, o registro eletrônico e o ressarcimento ao SUS – olhando o custo x efetividade como um todo. Os participantes da plenária enviaram várias perguntas sobre o ressarcimento, mas o presidente da ANS disse que “é uma determinação legal e, por isso, deve ser cumprido”.
 
A inovação tecnológica, por sua vez, representa de 50% a 75% do aumento dos gastos de saúde. Isso porque a tecnologia não é substituída, mas incorporada. “Representa um aumento nos gastos, mas é um custo produtivo necessário”, afirmou o presidente da ANS.
 
Quanto à segregação do CNPJ de operadoras e hospitais verticalizados, Abrahão disse que o hospital tem de tratar a operadora como as demais. “É preciso ter uma gestão independente para cada entidade. Não acontece apenas com os filantrópicos, mas em várias entidades que se verticalizaram. Se não separar a gestão da operadora do prestador não vai dar certo. Eles podem se potencializar, mas a gestão deve ser independente. Isso demonstra a qualidade da gestão”, disse.
 
Filantrópicas
Para as entidades filantrópicas, as intervenções municipais na gestão das Santas Casas são um fator complicador para a gestão dos planos de saúde. Segundo o representante da CMB, Antonio Barros Junior, a falta de conhecimento dos provedores e alguns sinais da gestão também podem interferir na saúde dos planos. Ele apresentou questões operacionais que causam dificuldades às operadoras.
 
Barros encaminhou à ANS que fosse revista a classificação das Filantrópicas na regulamentação, modificando o termo para entidades sem fins lucrativos, para que não haja confusão conceitual. Ele também sugeriu que a Agência faça um cálculo atuarial dos novos procedimentos e regule sua cobertura, evitando, assim, a judicialização. Dessa forma, espera-se ter uma visão do impacto econômico-financeiro que novos procedimentos e medicamentos podem ter para o mercado.
 
Abramge
O economista sênior da Abramge, Marcos Paulo Novais, também destacou a incorporação de novas tecnologias, o ressarcimento ao SUS, OPMEs e outros desafios que aumentam o custo da Saúde. Ele ressaltou a necessidade de se estar preparado para a longevidade, apontando a Variação Anual dos Custos de Procedimentos Médico-Hospitalares (VCHM). A entidade já está discutindo, inclusive, o impacto que o novo rol de procedimentos, que entra em vigor em janeiro de 2016, deve ter sobre as operadoras.
 
Quanto ao modelo de remuneração, a Abramge defendeu que precisa ter uma mudança de incentivos, com integração entre os elos da cadeia produtiva, trabalhando para o acesso, o cuidado aos beneficiários, com atenção aos custos.
 
Autogestões
O presidente da UNIDAS, Luís Carlos Saraiva Neves, disse que o modelo atual de operadoras está esgotado e é preciso pensar novas formas de atuar junto aos prestadores e beneficiários. Ele citou os desafios comuns e destacou que, em relação ao envelhecimento da população, é preciso buscar soluções inteligentes para garantir a sustentabilidade, oferecendo produtos de qualidade.
 
Para a UNIDAS, a conjugação da assistência secundária e terciária à atenção primária é essencial para um novo modelo assistencial, com foco na promoção de Saúde.
 
ANS
Uma equipe técnica da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está realizando atendimento, tirando dúvidas sobre TISS, Ressarcimento, DIOPS e SIB durante todo o evento. Este é o segundo ano que a ANS participa do Congresso da Rede, trazendo esclarecimentos e otimizando o relacionamento com as operadoras.
 

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