O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, falou durante o primeiro dia do Hospital Summit, promovido pela Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), em 13 de março, na capital paulista.
Segundo ele, a mudança na política econômica promovida pelo governo federal, desde maio do ano passado, trouxe uma perspectiva diferente para o país, de retomada. O cenário global também é favorável, já que o mundo registra aceleração no crescimento, mesmo que discreta. “O mundo encolheu depois da crise de 2008, o comércio mundial vinha registrando dados negativos desde então. Chegou-se a especular uma estagnação secular”, afirmou.
Globalmente, um sinal de crescimento é o aumento da inflação. “O que é bom, porque processos de deflação são tão destrutivos do que inflação crescente”.
Honorato também avaliou a crise no Brasil como a “pior em 120 anos”. “Nem crise de 29 foi tão ruim. Lá, chegou-se a registrar uma média de 1,4% de queda no PIB. Na crise atual, chegamos a registrar queda, em média, de 2,3%”.
Ainda segundo ele, em 2016 o Brasil recebeu a menor taxa de investimento em 20 anos, cenário que levou os empresários ao encolhimento, a perda de produtividade e ao consequente desemprego, que atinge quase 14 milhões de pessoas. Tudo consequência de políticas equivocadas, e de um enorme desarranjo econômico.
A PEC do teto dos gatos, para Honorato, foi um dos primeiros sinais de que a direção do país está correta. ‘É uma agenda de futuro que determinará o encolhimento da dívida pública, fazendo com que em 2036 tenhamos uma das menores dívidas públicas do mudo”, lembrou.
A reforma da Previdência é outro ponto crucial, que determinará os rumos do Brasil. “Tem que haver a reforma. Hoje gastamos 12% do PIB com previdência, mesmo índice do Japão, que possui 30% de sua população idosa, enquanto que nós temos apenas 10%. Estamos completamente desequilibrados no que diz respeito à previdência”, afirmou.
Para Fernando Honorato, a saúde também precisa de um olhar cuidadoso. “O Brasil gasta, com saúde, mais ou menos a média do mundo, exceto os Estados Unidos, que gastam muito e gastam mal. Será que temos que colocar mais dinheiro, ou temos que discutir eficiência? Não é a PEC do teto dos gastos a culpada pela ineficiência da saúde”, contrapôs.
Hospital Summit
Com foco em debater a gestão de instituições hospitalares, a Anahp realizou a 1ª edição de seu Hospital Summit, de 13 e 15 de março, durante a South America Health Exhibition (SAHE), em SP.
“Sabemos das necessidades de formação e especialização que atingem a nossa sociedade e, sobretudo, o setor de saúde. Por isso, temos o compromisso de contribuir de forma colaborativa com a discussão de temas importantes para o setor”, afirmou Francisco Balestrin, presidente do Conselho da Anahp, durante a abertura do evento.
Por Aline Moura