Estudo com 35 mil homens indica mais probabilidade de câncer de próstata
A ingestão diária de uma dose de vitamina E, antes considerada uma promessa de prevenção contra o câncer de próstata, aparentemente tem o efeito inverso: aumentaria em 20% o risco de desenvolver esse tipo de tumor.
A descoberta está em artigo na revista especializada “Journal of the American Medical Association”, mais conhecida como “Jama”.
Trata-se de uma demonstração importante de que tomar vitaminas está longe de cair na categoria “se não fizer bem, mal não vai fazer”. “As pessoas tendem a pensar que vitaminas são como canja de galinha”, o que é errado, alerta o líder do estudo, Eric Klein, da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos.
Sem mecanismo
Klein e seus colegas afirmam que ainda não dá para saber qual o mecanismo biológico por trás do aumento do risco de câncer, mas consideram que os dados são suficientes para recomendar que os pacientes não tomem os suplementos vitamínicos.
O estudo publicado no “Jama” envolveu o acompanhamento de cerca de 35 mil homens, com idade superior a 50 anos, a partir de 2001.
Os pesquisadores forneceram aos pacientes, dependendo do subgrupo em que foram divididos, tanto vitamina E quanto o mineral selênio, cujo suposto efeito protetor contra tumores de próstata também estava sendo investigado. Num dos subgrupos, vitamina e selênio foram combinados, enquanto outro só recebeu placebo (inócuo).
Já em 2008, tinha ficado claro que os suplementos não estavam tendo efeito protetor, e a equipe da pesquisa recomendou que o uso de vitamina E e selênio fosse descontinuado. No entanto, foi preciso analisar os dados até este ano para que o aumento do risco fosse flagrado.
Esse aumento não é catastrófico, principalmente quando se olham os números absolutos: 620 dos pacientes que tomavam vitamina E desenvolveram tumores de próstata, contra 529 dos que tomavam apenas placebo – cada um desses grupos tinha quase 9.000 voluntários.
Os outros grupos também apresentaram número de casos ligeiramente maior do que o conjunto de homens que tomou só o placebo.
Relevância estatística
No entanto, apesar da diferença sutil, as análises estatísticas conduzidas pelos pesquisadores mostram que o efeito negativo do suplemento de vitamina E é real – diferentemente do que acontece com os suplementos de selênio ou o suplemento combinado, por exemplo.
Como não há diferença importante entre estilo de vida, características étnicas ou outros fatores entre os vários grupos, os pesquisadores avaliam que o excedente de vitamina E provavelmente está por trás do risco maior.
É claro que a pesquisa não prova que a vitamina, um nutriente importante, faz mal para a saúde humana.
Mas, por via das dúvidas, tal como acontece com qualquer outro nutriente, a forma comprovadamente saudável de ingerir vitamina E é pela alimentação. Alimentos como espinafre, beterraba, tomate, azeitonas e mamão são ricos em vitamina E.
Fonte: Folha de S. Paulo