O Ministério da Saúde vai distribuir 1,1 milhão de mosquiteiros impregnados com inseticida em 47 municípios campeões de malária do País. A ação faz parte da estratégia para reduzir os índices nacionais da doença, que, embora tenham caído, ainda estão longe de ser ideais.
No primeiro semestre deste ano foram notificadas na Amazônia Legal 115.708 infecções, ante 168.397 contabilizadas em 2010, o que representa uma redução de 31% no período. Internações tiveram uma queda de 20%: passaram de 2.544 para 2.030 no período. “Vencemos uma batalha contra a malária”, disse hoje o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao anunciar os números. Atualmente, 49 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, atribuiu a redução dos indicadores a três fatores: descentralização das ações de prevenção e controle da doença, a inclusão de derivados de artemisina no tratamento dos pacientes e atendimento até 72 horas depois do aparecimento dos primeiros sintomas. Ele observou, no entanto, ser importante intensificar as ações de prevenção para que a tendência de queda de casos continue.
“O número de casos pode ter grande mudança, de acordo com a movimentação da população na região, da atividade econômica”, afirmou Barbosa. Justamente por isso, grandes empreendimentos na região, como construção de hidrelétricas, são precedidos de planos específicos para impedir o aumento de casos da doença. “Até agora, não houve aumento de registros nas regiões próximas dos empreendimentos”, disse.
A Amazônia Legal concentra 99% dos casos de malária do País. Em todos os Estados da região foi constatada queda de notificações. O Acre foi responsável pela maior redução: 45%, em relação ao primeiro semestre de 2010. Em seguida, aparecem Amazonas (41%), Maranhão (39%) e Rondônia (36%). O Estado com maior número de casos da doença é o Pará, com 53.289, apesar da redução de 21% em relação a 2010.
Campanha
Antes da distribuição do mosquiteiro será realizada uma campanha para o uso correto do produto. A estratégia do uso da tela, impregnada com inseticida, já é realizada em países com alta concentração de casos da doença. No Brasil, consórcios para construção de usinas também adotam a medida. A Energia Sustentável do Brasil, concessionária da Usina Hidrelétrica de Jirau, por exemplo, distribuiu oito mil telas. A ação é desenvolvida na região de Porto Velho. Desde que os trabalhos começaram, o número de casos da doença na região caiu 60%.
O secretário de Vigilância em Saúde observa que a distribuição do mosquiteiro protege não apenas as pessoas que utilizam com o produto durante a noite, mas toda a comunidade. Isso porque, quanto menos pessoas infectadas, menor o risco de o parasita ser transmitido. “No passado, a maior parte dos casos era encontrada em trabalhadores, que se contaminavam nas matas, durante o trabalho”, disse Barbosa. Atualmente, no entanto, boa parte das infecções ocorre entre crianças, o que indica a contaminação em casa. No ano passado, das 5 mil hospitalizações notificadas, 13% ocorreram entre menores de cinco anos.
Fonte: Agência Estado