Baixos valores pagos aos profissionais – R$ 2,50 por uma consulta básica – são o principal mote da manifestação
Médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) paralisaram parcialmente as atividades ontem em 21 Estados do País para protestar contra as más condições de trabalho e baixa remuneração, além da defasagem do valor do repasse da tabela de procedimentos. Não há, porém, números oficiais de quantos profissionais pararam o atendimento.
O mote principal do ato foi discutir e tornar público os problemas de financiamento do SUS. Segundo as entidades médicas, não é possível prestar um serviço de qualidade recebendo R$ 2,5 por uma consulta básica (clínica médica, pediatria ou ginecologia) e R$ 7,5 por uma especializada. Por uma cesariana, incluindo a equipe, o SUS repassa R$ 150,05; e por uma colposcopia (exame ginecológico), R$ 3,38.
No Estado de São Paulo não houve paralisação formal do atendimento – apenas três hospitais suspenderam pontualmente as atividades, sem o apoio do grupo que realizou um manifesto em defesa do SUS na sede da Associação Paulista de Medicina.
“Não aprovamos paralisações globais, mas há situações pontuais que precisam de negociação efetiva. A paralisação prolongada prejudica todo mundo, principalmente o paciente que depende do atendimento no SUS”, afirmou o médico Jorge Curi, vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB).
Outros Estados – No Paraná, os médicos não interromperam o atendimento. “Nossa proposta foi alertar a população em favor da qualidade”, disse João Carlos Baracho, presidente da Associação Médica do Paraná (AMP).
No Amazonas, a adesão foi baixa. Segundo balanço da Secretaria Estadual de Saúde, apenas uma médica faltou ao trabalho na capital e não houve ausências no interior. Já o Sindicato dos Médicos do Amazonas diz que quase metade dos profissionais do programa Médicos da Família parou em Manaus.
Em Pernambuco houve suspensão dos atendimentos eletivos e doação coletiva de sangue em um parque no Recife. Segundo organizadores, a adesão à paralisação foi superior a 45%.
Em Minas, os pacientes que buscaram atendimento em postos da capital voltaram para casa frustrados. Cerca de 80% da categoria que faz atendimento pelo SUS aderiu ao ato nacional.
Na Bahia, médicos protestaram oferecendo bolo em Salvador. “Queremos que a população conheça a situação do SUS, que sofre com problemas gerenciais e escassez de recursos”, criticou o vice-presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia, Francisco Magalhães.
Fonte: O Estado de S. Paulo