Realizado pela primeira vez no Brasil, a Health 2.0 reuniu, no auditório do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, nos dias 6 e 7 de dezembro, lideranças do setor para apresentar as experiências das startups na área da saúde, ou seja, empresas que nascem com o DNA da inovação, propondo novos modelos de negócios através da internet e da interatividade. A FEHOESP e o SINDHOSP foram apoiadores oficiais do evento, que foi organizado pela Empreender Saúde.
A abertura contou a presença do ministro da Saúde e de lideranças setoriais. “Incorporar tecnologia da informação em saúde é uma grande responsabilidade. Nenhum país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes assumiu, como o Brasil, o compromisso de dar saúde a todos. O papel da TI é o de aproximar conhecimentos e encurtar distâncias”, disse o ministro Alexandre Padilha, anunciando que o Ministério pagará banda larga para as unidades básicas de saúde e que mais de três mil municípios do país já aderiram ao núcleo de telessaúde.
O presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, deu exemplo, durante sua explanação, das mudanças ocorridas na medicina no último século, seja na cura de doenças ou nas novas possibilidades terapêuticas. “O nosso desafio é lidar com a inovação e acompanhar a evolução da tecnologia, seja na saúde pública ou privada, sem esquecer três aspectos fundamentais: o acesso, a qualidade e o custo. Nem tudo que é novo ou mais moderno é benéfico ao sistema de saúde ou ao nosso paciente. É preciso responsabilidade para avaliar cuidadosamente as novas incorporações para que elas tragam os benefícios esperados”, defendeu.
Uma pergunta bastante provocativa for estampada nas camisetas de todos os membros da comissão organizadora do evento: “O que você faria se não estivesse com medo?” Para o superintendente corporativo do Hospital Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina Neto, as novas ideias apresentadas no Health 2.0 servem para discutir um jeito diferente de atuar no setor de saúde. “Os desafios são contemporâneos. Temos que desenvolver um novo modelo assistencial voltado para atender às doenças crônicas, um atendimento horizontal – e não vertical, ter um sistema que seja realmente universal e que gere igualdade social”. Ele ainda lembrou que ameaças geram oportunidades e que estas devem ser aproveitadas. “Essa sensação de desorganização que sentimos pode servir para criar um novo momento, que una as ideias e que leve a uma nova consciência coletiva”.
Formar e treinar adequadamente os profissionais da saúde foi o foco defendido pelo ex-presidente da Associação Médica Mundial, José Luiz Gomes do Amaral: “A TI tem transformado a ciência e a ética, pois novos dilemas são diariamente apresentados. Mas a pior coisa que pode acontecer é uma boa tecnologia nas mãos de um médico ruim. Já tecnologia de ponta nas mãos de um bom médico pode operar milagres”, acredita. Dessa mesma preocupação faz coro o professor Rubens Belfort Jr, que no evento representou a Academia Brasileira de Oftalmologia. “Desperdiçamos tempo na formação dos nossos recursos humanos. Precisamos acabar com esse modelo acadêmico e sermos mais operacionais”, disse, defendendo que certas funções dentro do sistema de saúde não podem ficar restritas aos médicos.
A preocupação com o aumento crescente dos custos da saúde e a necessidade de discutir com mais profundidade quando uma nova tecnologia deve ser incorporada foi ressaltada pelo representante da FenaSaúde, José Cechin. Já para o presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), Ronaldo Laranjeira, “o futuro da medicina está na inovação, pois ela pode contribuir para reduzir custos e aumentar a qualidade”. Priscila Arruda Camargo, do portal Sentir Bem, completou a mesa de abertura. As apresentações das startups autorizadas estarão disponíveis no site da Empreender Saúde – www.empreendersaude.com.br – a partir do início de 2014.
Fonte: Ana Paula Barbulho (SINDHOSP)