Região da Catalunha suspende convênios com asilos e clínicas de atendimento a portadores de necessidades especiais
Acuada pelo rombo nas contas públicas, a Catalunha anunciou ontem cortes de custos na área da saúde, ligados ao “plano de choque” adotado recentemente na região – uma das principais propulsoras da economia da Espanha. As ações adicionais preveem a suspensão, até o fim do ano, do pagamento de asilos, clínicas para portadores de necessidades especiais e centros de reabilitação para dependentes químicos. A justificativa do Ministério do Bem-Estar Social e da Família do governo catalão é a “falta de liquidez (recursos)”.
A escassez impedirá o ministério, de acordo com Susagna Caseras, porta-voz da pasta, de pagar ainda durante um ou dois meses os centros privados com os quais o governo local mantém convênios. “Essa medida corresponde a um plano de choque orçamentário”, afirmou.
Para Toni Codina, diretor da Mesa de Entidades do Terceiro Setor Social da Catalunha, instituição que reúne 4 mil empresas, centros e associações da região, a medida foi incompreensível. “Não entendemos como o governo focou as ações em um setor que é um dos mais vulneráveis”, comentou.
Tesouraria
Embora controversa, a determinação encontrou eco em algumas alas políticas. O porta-voz do executivo catalão de Convergência e União (Ciu, grupo nacionalista-conservador), Francesc Homs, defendeu os cortes. “É uma questão de tesouraria. É o resultado da situação que vivemos”, declarou. Desde o início do verão europeu, os serviços noturnos de urgência e os centros de consulta já vinham sendo cortados, assim como o salário dos médicos.
O governo local registrou no primeiro semestre de 2011 um deficit público de 1,01% do Produto Interno Bruto (PIB), valor superior à meta imposta pelo Executivo (0,75%) às administrações regionais. Diante disso, a Catalunha passou a sofrer pressão do mercado. A agência de classificação de risco Fitch rebaixou recentemente a nota da dívida da região de “A” para “A-“, em razão do forte aumento do endividamento – 38,5 bilhões de euros no segundo trimestre deste ano. Nesse cenário, os líderes da região se propuseram a cortar em 1 bilhão de euros o gasto público dedicado à saúde.
Receita
Além da Catalunha, o restante da Espanha busca desesperadamente uma forma de conter o rombo orçamentário. Ontem, o governo espanhol privatizou o serviço de controle aéreo de 13 aeroportos, incluindo Valência, Ibiza e Sevilha. As empresas que faturaram a exploração do serviço deverão reverter 18,1 milhões de euros por ano aos cofres do país. A duração dos contratos é de cinco anos, renováveis por mais 12 meses. Segundo o Executivo, a negociação vai garantir uma economia de 50% em relação ao valor gasto com o departamento público que administra os aeroportos. A medida foi anunciada pouco tempo depois da venda da estatal que controla as loterias espanholas
Fonte: Correio Braziliense