Diets, mas perigosas

De acordo com uma pesquisa norte-americana, o consumo constante e por um tempo longo de bebidas sem adição de açúcar pode provocar um crescimento na circunferência abdominal de até 70%

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De acordo com uma pesquisa norte-americana, o consumo constante e por um tempo longo de bebidas sem adição de açúcar pode provocar um crescimento na circunferência abdominal de até 70%

A Sociedade Médica Americana tem más notícias para quem tenta manter uma dieta equilibrada tomando bebidas sem adição de açúcar. Segundo um estudo observacional apresentado na conferência anual da Associação Americana de Diabetes, pessoas que ingerem bebidas diet a longo prazo podem ter um aumento de até 70% na circunferência abdominal.

A pesquisa, ainda não publicada, foi feita pelo Centro de Saúde da Universidade do Texas e acompanhou 474 pessoas entre 65 e 74 anos, ao longo de uma década, levando em consideração variáveis como idade, sexo, etnia e frequência de atividade física. O resultado foi surpreendente. Do número total de indivíduos que bebeu diariamente refrigerante com adoçantes artificiais durante o estudo, todos tiveram um aumento significativo na medida da cintura, parte responsável pelo acúmulo da gordura visceral no corpo. Indivíduos que ingeriram essas bebidas duas vezes ou mais por dia chegaram a ter um acréscimo de quase 5 cm no abdômen, quando comparados aos que ingeriram bebidas “regulares”.

Uma das teorias dos pesquisadores para esse crescimento é que os adoçantes artificiais até podem tentar substituir o açúcar, mas, diferentemente da ação do produto tradicional, que contribui para a sensação de saciedade, eles interrompem esse mecanismo e terminam por estimular a ingestão de maiores quantidades. De acordo com a endocrinologista Ana Lúcia Vinagre, porém, ainda não se pode afirmar com exatidão os danos dessas bebidas. “Até que se publique um estudo científico mais profundo, comprovando que o refrigerante diet faz realmente mais mal do que o normal e as razões para isso, o açúcar ainda é pior do que o adoçante artificial”, assinala, lembrando que a quantidade de calorias e a liberação de insulina causada pela substância doce tradicional são muito maiores.

Briga com o peso
Para a jornalista de mídias sociais Ursula de Oliveira, 23 anos, a luta com a balança foi um dos motivos para trocar o vício do refrigerante tradicional pelo com baixo teor calorias. Segundo ela, contudo, nenhum dos médicos pelos quais passou, entre nutricionistas e endocrinologistas, fez qualquer alerta sobre possíveis danos com as bebidas. A jornalista afirma ainda que, para quem quer perder peso, os prejuízos por meio de alimentos que substituem os mais calóricos são perigosamente minimizados. “O importante para quem é gordo é sempre emagrecer. Não se está preocupado com a saúde, e você faz o que tiver que fazer para chegar ao peso desejado”, avalia.

Já a funcionária pública Camila Sodré, 29 anos, tem noção do mal que a bebida gaseificada, mesmo sem açúcar, faz ao organismo. “Antes, na minha geladeira, tinha duas prateleiras só com refrigerante zero. Hoje, eles não entram mais em casa”, relata, mencionando que as mudanças de hábito, devido à reeducação alimentar, foram fundamentais para a perda de quase 20 kg. Caso os prejuízos das bebidas artificialmente adoçadas sejam comprovados, porém, Camila reconhece que as opções para quem gosta de refrigerante ficarão muito restritas. “O que se vai fazer: consumir açúcar refinado?”, indaga.

Apesar das dificuldades impostas pela rotina agitada da atualidade e do consumo crescente de alimentos calóricos, a moderação ainda é a melhor saída, segundo a nutricionista e professora da Universidade de Brasília Quênia Carvalho. “Não é necessária a proibição, mas sim atenção à quantidade e à frequência com que se come determinados alimentos. É preciso aprender a saborear um brigadeiro e um pedaço de bolo, no máximo, sem precisar da bandeja inteira”, sugere. De acordo com ela, a epidemia da obesidade é um assunto delicado e bastante preocupante, que não pode ter prazo de validade e se resumir aos alimentos e bebidas dietéticos. “Se funcionasse assim, a população americana já estaria com o diabetes controlado”, sustenta. Responsável pelo Departamento de Nutrição da UnB, ela garante, porém, que, com equilíbrio entre hábitos alimentares saudáveis e atividade física, é possível controlar os malefícios do açúcar.

 

Fonte: Correio Braziliense

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