Vigilância Sanitária põe em consulta pública conjunto de normas para aumentar a segurança nas clínicas
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pôs em consulta pública um conjunto de novas regras para melhorar a segurança das clínicas de laparoscopia. O texto, discutido por um ano com representantes de várias especialidades médicas, define, por exemplo, como deve ser feito o procedimento de limpeza dos instrumentos usados. Quando a desinfecção não é feita da forma adequada, o paciente fica exposto a uma série de infecções, como hepatites B e C.
“Ha muitas clínicas ruins, que não observam regras básicas de segurança com o material”, avisa o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, o gastroenterologista Flavio Egima.
Fabiana Sousa, especialista em vigilância sanitária da Anvisa, dá um exemplo da falta de cuidado nessa área: “Um profissional trabalhando em esquema de mutirão realizou em um único dia mais de 30 exames de colonoscopia com apenas um aparelho.” Se as técnicas de desinfecção tivessem sido adotadas, ele teria levado pelo menos 40 minutos entre um procedimento e outro. A colonoscopia é o exame feito por endoscopia para identificar problemas no reto e no intestino grosso.
Egima diz que nem todas as clínicas que fazem o exame seguem as medidas de limpeza, que vão da lavagem cuidadosa do endoscópio ao uso de um produto saneante, encarregado de eliminar os micro-organismos.
Comprovação difícil – no Brasil, não há estudos sobre infecções contraídas durante laparoscopia. Dados internacionais estimam que o risco é de um caso a cada 1 milhão de exames. “Mas essa estatística deve ser analisada com cuidado, porque é difícil comprovar a relação entre infecção e exame”, adverte Fabiana.
Muitas vezes, o paciente descobre a infecção tempos depois da realização do exame. Por isso, esquece de fazer uma relação entre causa e efeito.
A resolução traz normas específicas sobre a infraestrutura dos serviços. As regras variam de acordo com a complexidade do procedimento. Nas clínicas em que o paciente não precisa ser sedado, a infraestrutura é mais simples. Naquelas em que o paciente tem de receber anestesia, as exigências são maiores.
“A resolução traz, num só documento, regras que estavam esparsas”, avalia Egima. Ele diz que não era raro encontrar clínicas que alegavam desconhecimento das exigências.
Entre as especialidades médicas que participaram do preparo do texto estão gastroenterologia, otorrinolaringologia e ginecologia. As regras propostas pela resolução ficarão em consulta pública durante 60 dias.
Fonte: O Estado de S. Paulo