É preciso saúde financeira para cuidar da saúde os pacientes

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A ARCA sediou o workshop “O Futuro da Saúde Financeira: capital de giro, investimentos e crédito acessível”, realizado em parceria por FESAÚDE e SindHosp com a cooperativa de crédito Sicred. O evento reuniu especialistas e gestores para debater soluções financeiras voltadas ao setor de saúde. Com foco em sustentabilidade financeira e fortalecimento das empresas de saúde, o encontro se dividiu em três momentos, foram duas palestras e uma roda de conversa que destacaram a importância do crédito estruturado e das parcerias para enfrentar os desafios do setor.

Educação financeira 

O presidente do Sicredi, Jaime Basso, abriu o evento. Ele explicou como funciona uma cooperativa de crédito, onde todos os que movimentam recursos são cooperados, e a diferenciou de bancos convencionais. “Os dividendos vão para todos de acordo com sua movimentação financeira”, explicou Basso.  Segundo ele, a Sicredi conta com 100 cooperativas, com 2.700 agências, que movimentam quase meio trilhão de reais, crescendo 20% ao ano. “O diferencial está na humanização tanto no atendimento como no relacionamento. Quando as pessoas querem investir ou buscar uma linha de crédito, preferem conversar com alguém e não com um robô, que não terá todo o entendimento necessário para dar as orientações”, resumiu Basso. “Além disso, como cooperativa, reinvestimos os recursos onde captamos, fomentando os negócios para a própria pessoa que está movimentando recursos. No caso da saúde, a educação financeira às vezes é mais importante do que o próprio crédito”.


Sustentabilidade

A segunda palestra do dia foi ministrada por Eliane Santos Viana, especialista de Crédito do Sicredi, com o tema “A importância do crédito como alavanca de sustentabilidade no setor de saúde”. Ela destacou que o crédito pode ser ferramenta de alavancagem na saúde, amparando a expansão e a sustentação do setor, que representa 10% do PIB. “Crédito não é dívida, é um instrumento de desenvolvimento num setor com custos crescentes e necessidade de cumprir metas ESG, com investimento em inovação e eficiência. Assim como a diferença do remédio para o veneno está na dose, o mesmo acontece com o crédito, é preciso dosar. Por isso os gestores tem de entender da melhor forma suas necessidades para não comprometer a sustentabilidade financeira”, disse Viana.


Matemática inexata 

Em seguida, a CEO da FESAÚDE/SindHosp, Larissa Eloi, moderou a roda de conversa “Construindo soluções financeiras para os desafios do setor de saúde”, que teve como convidados Helen Almeida, gestora hospitalar do Centro Oftalmológico F. Thomaz, Leandro Neco, gerente financeiro do Hospital Edmundo Vasconcelos, e Marcelo Meuci, gerente geral de Parcerias e Convênios da Sicredi. “Temos uma saúde privada com margens complexa e apertadas, num cenário de desperdícios e custos cada vez mais desafiadores e dificuldade de acesso a crédito de forma competitiva. Tudo isso com a necessidade ainda de gerir o negócio com foco nas pessoas”, abriu a roda Larissa Eloi.

Prazos e glosas  

Durante a conversa, Leandro Neco, do Edmundo Vasconcelos, informou que o percentual das glosas no Brasil já superou os 15%, o que é maior do que a margem para alguns procedimentos. “Além da glosa, os hospitais têm o desfio de obter uma margem significativa com um fluxo de caixa apertado e operadoras faturando com prazo de 60 a 90 dias. O problema é que a matemática não é exata, como acontece em uma cirurgia de urgência, exigindo uma ginástica financeira”, explicou Neco.


Fluxo de caixa e margens 

Helen Almeida, do Centro Oftalmológico F. Thomaz, falou sobre os desafios dos estabelecimentos pequenos de saúde. Segundo ela, as dores são as mesmas: fluxo de caixa, margens apertadas e glosas. “Mas a falta de formação dos médicos em gestão costuma agravar o problema. Existe uma questão importante que é separar o CNPJ do CPF, mas existe também uma particularidade, porque as clínicas entregam o serviço sem saber se vão receber, é a incerteza do pagamento”, destacou.


Reajustes e inflação

Fechando a roda, Marcelo Meuci, da Sicredi, chamou a atenção para a desigualdade dos reajustes para os serviços médico-hospitalares em relação a outros índices, como o próprio IPCA, que mede a inflação de produtos ao consumidor. Ele também lembrou que até 2070, cerca de 40% da população brasileira terá mais de 60 anos, encarecendo os serviços prestados. “Hospitais pequenos, médios e grandes têm questões financeiras próprias, seja a dependência excessiva de fluxo de caixa ou o desafio de oferecer uma garantia real para obter crédito, passando pela dificuldade de negociar com fornecedores e convênios e lidar com glosas, até reduzir gastos fixos e investir em infraestrutura própria. O problema é que o crédito está caro. Na Sicredi, trabalhamos com spreds menores, mas também investimos em educação financeira para que nossos cooperados possam pegar crédito de maneira estruturada, de maneira proativa, não reativa”.

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