Uma aposta no básico

Em visita ao Brasil há duas semanas, o executivo Gary Pruden, um dos chefes da divisão de produtos para a área médica da multinacional americana Johnson & Johnson visitou o Hospital ...

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Para crescer no Brasil, Johnson & Johnson investe na adaptação do portfólio da área médica e cria produtos até 30% mais baratos que as versões tradicionais

Em visita ao Brasil há duas semanas, o executivo Gary Pruden, um dos chefes da divisão de produtos para a área médica da multinacional americana Johnson & Johnson visitou o Hospital Albert Einstein, conhecido como centro de procedimentos de alta complexidade. Em seguida, foi à outra referência em saúde no País, o Hospital das Clínicas (HC), onde passou pela área de emergências para conferir de perto a forte demanda por atendimento básico da população. Validou, assim, a principal aposta do grupo para o mercado brasileiro: os produtos para os procedimentos mais realizados no dia a dia.

Pensando em mercados emergentes como o Brasil, a Johnson & Johnson investiu na adaptação do portfólio de produtos da marca para a realidade de sistemas de saúde que trabalham em condições bem distantes do “mundo ideal”. Os próprios executivos da Johnson sabem que a realidade do HC, apesar da alta demanda, é bem superior às condições da maioria dos hospitais do País. Essa necessidade pelo produto “de entrada” levou ao desenvolvimento de uma linha econômica de procedimentos corriqueiros – como materiais de sutura e curativos – com preços até 30% mais baratos do que as versões tradicionais.

“Cada economia tem suas necessidades específicas”, diz Pruden, presidente mundial do negócio de produtos cirúrgicos da Johnson & Johnson Medical. “No Brasil, o acesso à saúde básica está em crescimento. E o nosso trabalho é encontrar uma maneira de ajudar nesse processo”, diz o executivo. E há espaço para crescer, já que o acesso à saúde acompanha o aumento da renda.

No Brasil, o segmento de produtos para o consumo ainda é o líder em receita da Johnson. Na média mundial, porém, os equipamentos e materiais médicos são o principal negócio e contribuem com US$ 26 bilhões para o faturamento anual de US$ 65 bilhões da multinacional.

Concorrentes
Ao voltar os olhos para o mercado de saúde no Brasil, a Johnson & Johnson segue uma série de multinacionais que têm investido no fornecimento de equipamentos para hospitais e postos de saúde. No início do mês, a GE anunciou a compra da fabricante de aparelhos de raio-x XPRO, que atua nas áreas de neurologia, cardiologia e radiologia terapêutica. A rival alemã Siemens e a japonesa Toshiba planejam novas fábricas do segmento no País. A americana Varian Medical Systems, especializada em tratamento para o câncer, também anunciou o início de suas operações no Brasil.

Tanto interesse mercado brasileiro tem razão de ser, na opinião de Pruden. “A América Latina é o mercado que mais cresce dentro da Johnson Medical, e o Brasil é certamente uma parte importante disso”, explica o executivo. A expectativa é que o mercado brasileiro cresça pelo menos duas vezes mais do que o americano nos próximos anos. Segundo o executivo, há espaço para a introdução de equipamentos de maior valor agregado da companhia à medida que as necessidades de pronto-socorro sejam bem atendidas.

Apesar de a maior parte das vendas da Johnson & Johnson estar concentrada em materiais de uso corriqueiro nos hospitais, a empresa também fabrica equipamentos que, com o auxílio de imagens, permite que médicos façam cirurgias minimamente invasivas. Outras apostas são as próteses mamárias, as suturas e curativos combinados com medicamentos e dispositivos para tratamento cardiovascular e estético.

Para dar conta de uma demanda maior, a Johnson & Johnson vai ampliar no segundo semestre o terceiro turno de sua fábrica de material para a área médica em São José dos Campos (SP), que tem mil funcionários. A empresa agora se prepara para reforçar o time de vendas, que ganhará mais 50 profissionais, e vai levar seu programa de treinamento de médicos, hoje mais concentrado em São Paulo, para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

O contato com os profissionais de saúde é vital para a empresa, pois são eles que poderão recomendar o uso dos produtos da marca. Desde 2010, quando o centro de treinamento de São Paulo foi inaugurado, já recebeu cerca de 6 mil médicos. Com o projeto itinerante, a empresa espera treinar mais 2 mil médicos até o fim do ano.

Fonte: estadão.com.br

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