Novo protocolo prevê a distribuição de antirretrovirais logo após ser confirmada a infecção por HIV. Especialistas ressaltam a necessidade de aumentar a quantidade de testes
Apesar de ser apontado como exemplo de sucesso mundo afora, o programa brasileiro de combate ao HIV/Aids ainda impede que uma parcela dos soropositivos tenham acesso aos medicamentos ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente quem descobre a doença precocemente. É o caso de Lucas (nome fictício). O estudante carioca, de 27 anos, descobriu que estava contaminado pelo vírus HIV há um ano, logo após o contágio. “Eu tive uma relação desprotegida e fiquei desconfiado. Fiz o teste logo depois e tive a confirmação”, relata ele. Como a contagem das células de defesa CD4 – que indicam o grau de evolução da doença no organismo – estava em cerca de 700 unidades por milímetro cúbico (mm³) de sangue, Lucas não poderia receber os medicamentos. Pelas regras do SUS, os medicamentos antirretrovirais só são oferecidos quando essa taxa fica abaixo de 500/mm³.
Nos próximos meses, porém, o tratamento contra a Aids estará disponível na rede pública logo após o diagnóstico, independentemente do estágio da doença. É o que prevê o novo protocolo do Ministério da Saúde, cuja publicação deve ocorrer nos primeiros dias de dezembro. O ministério estima que a mudança amplie em até 100 mil o número de pacientes com HIV com acesso ao tratamento. Com a publicação do novo protocolo, o Brasil se tornará o terceiro país do mundo a ofertar o coquetel de remédios logo após o diagnóstico – prática já adotada na França e nos Estados Unidos.
Também tem direito aos medicamentos os pacientes que apresentam outras doenças relacionadas à Aids, como tuberculose e hepatite, e os casais sorodiscordantes (quando um dos parceiros não tem o vírus). Atualmente, cerca de 313 mil soropositivos são atendidos pela rede pública.
Fonte: Correio Braziliense