Saúde high tech

O físico brasileiro Sérgio Mascarenhas, 84 anos, coordenador do Instituto de Estudos Avançados de São Carlos, ligado à Universidade de São Paulo, viveu uma experiência que o deixou muito preocupado.

Compartilhar artigo

Como a tecnologia auxilia os hospitais a melhorar o atendimento e reduzir custos e proporciona maior conforto aos pacientes

O físico brasileiro Sérgio Mascarenhas, 84 anos, coordenador do Instituto de Estudos Avançados de São Carlos, ligado à Universidade de São Paulo, viveu uma experiência que o deixou muito preocupado. Há cerca de seis anos, os médicos suspeitaram que ele sofresse de mal de Parkinson. Para terem certeza, decidiram operá-lo, o que significava abrir seu cérebro, um procedimento delicadíssimo e caro. Feita a operação, descobriu-se, para alívio do paciente, que não se tratava de Parkinson, mas sim de hidrocefalia de pressão normal, uma doença que aumenta o acúmulo de líquido no cérebro, elevando a pressão intracraniana. Mascarenhas foi tratado e se recuperou.

O episódio, no entanto, deixou o físico intrigado: com todo o avanço da medicina, não haveria uma forma menos traumática, em pleno século 21, de fazer um diagnóstico dessa natureza? Seria realmente necessário abrir a cabeça de uma pessoa para saber se ela tem ou não Parkinson, por exemplo? Ao observar os procedimentos adotados no Brasil e em outros países, ele constatou que esse era o método padrão. Foi então que Mascarenhas, um dos cientistas mais renomados do Brasil, professor visitante nas Universidades Princeton, Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), recorreu à tecnologia para encontrar um modo para que outras pessoas não tivessem de passar pela mesma situação. E conseguiu. Depois de muita pesquisa, Mascarenhas desenvolveu um chip que permite medir a pressão intracraniana sem que seja necessário fazer cortes profundos na cabeça.

A primeira versão de seu invento requeria apenas a colocação do chip rente ao couro cabeludo, por meio de uma incisão mínima. Uma segunda versão, que foi finalizada recentemente, representou um passo além: agora, basta aproximar da cabeça o chip que vem envolto num recipiente que se parece com uma caixa de fósforos para que seja possível registrar informações sobre deformação óssea, que é proporcional à pressão dentro do crânio. Em geral, a inovação parte de uma motivação externa , afirma Mascarenhas. No meu caso, a pesquisa nasceu dentro de mim, diz. Em 2009, o projeto do cientista recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e hoje já é usado no tratamento de pacientes com traumatismo cerebral no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

Existe a possibilidade de ser levado para a rede pública do Sistema Público de Saúde (SUS). A intenção do governo é que o equipamento seja colocado nas ambulâncias , afirma Gustavo Frigieri, doutor em ciências e física biomolecular e membro do Instituto de Estudos Avançados da USP São Carlos e ex-aluno de Mascarenhas. Assim, a equipe de atendimento pode, dentro do veículo, colher as primeiras informações sobre a vítima e facilitar o trabalho do médico no hospital. Segundo ele, o governo aguarda apenas o parecer da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para levar adiante o projeto, que já recebeu apoio da Organização Pan-Americana da Saúde para sua implantação no Brasil e em demais países da América Latina.

Redução de custos
Além de conferir maior segurança aos diagnósticos, o método é um exemplo de como o avanço da tecnologia pode representar uma economia aos cofres públicos e também privados, se pensarmos no caso de hospitais e operadoras de saúde particulares. Conforme estimativas de Frigieri, o sistema tradicional, como o aplicado no tratamento de Mascarenhas, necessita de um aparelho de monitoramento que custa R$ 90 mil, um sensor de aproximadamente R$ 2,7 mil, equipe neurocirúrgica, unidade de terapia intensiva e centro cirúrgico.

Descontando o monitor, que pode ser usado em mais de um paciente, calculo que o custo de um processo pelo sistema tradicional fique entre R$ 20 mil e R$ 40 mil por paciente , diz Frigieri. Com o chip, o valor cairia bastante. A versão do equipamento que exige uma incisão mínima custa cerca de R$ 400, e o não invasivo ficará em menos de de R$ 1 mil. A economia se estende aos custos com quartos e profissionais. O paciente pode ficar no ambulatório, que é mais barato, e não precisa de equipe de neurocirurgia , afirma Frigieri.

Aliada de primeira hora
Além de reduzir custos e também oferecer maior segurança para tratamentos complexos, a tecnologia também é uma aliada de primeira hora para o atendimento diário e nem por isso menos importante. O Hospital Paulistano, de São Paulo, por exemplo, usa os tablets como uma ferramenta para administrar medicamentos à beira dos leitos. Pelo sistema, o processo de medicação é controlado eletronicamente. Em vez de escrever num papel, o que pode resultar em erros, o médico faz a avaliação do paciente e prescreve os remédios pelo tablet. Assim, a medicação é programada automaticamente e dispensada pela farmácia do hospital.

No leito, o enfermeiro usa o tablet para consultar os dados do paciente antes de aplicar os remédios. Dessa forma, a informação é tratada com segurança e minimiza a possibilidade de erros , afirma Márcio José Cristiano de Arruda, diretor-médico do Hospital Paulistano. Até o momento, apenas os atendentes de algumas áreas contam com o aparelho. A intenção é que até o final do ano esse procedimento seja utilizado em todo o hospital , diz Arruda. E tão ou mais importante que a máquina é seu uso adequado. Por isso, o hospital ministrou oficinas com os profissionais de enfermagem e até escolheu uma gestora para o projeto: a enfermeira Daniela Muniz dos Santos. O uso do tablet foi uma forma de inovar no atendimento e aumentar a segurança , afirma.

Painel futurista
A inovação também pode chegar à sala de cirurgia. O Hospital da Luz, na capital paulista, passou a usar um telão equipado com a tecnologia Kinect, da Microsoft. Disponível inicialmente no videogame Xbox, o recurso permite dar comandos apenas com o gesto das mãos. No caso do hospital, essa possibilidade é usada em painéis cirúrgicos que permitem ao médico, por meio de gestos, checar a grade cirúrgica e acessar dados dos pacientes, como procedimento médico necessário. Enquanto isso, outro painel informa aos parentes, na sala de espera, a situação da cirurgia.

O equipamento com Kinect permite organizar as cirurgias , afirma Heraldo Jesus, diretor-médico do Hospital da Luz. Como se vê, o uso das mais recentes inovações tecnológicas na área da medicina é uma realidade e isso não se resume aos hospitais. O usuário também já dispõe de um arsenal de aplicativos à sua disposição pelo smartphone. São programas que fazem de tudo: desde lembrar o horário de tomar um remédio até medir o desempenho de corredores. O importante nesse processo é que, mais que um modismo, se trata da aplicação prática da tecnologia em benefício da saúde do cidadão.

Fonte: Isto É Dinheiro

Artigos Relacionados...

Convenções firmadas

Firmadas Convenções Coletivas de Trabalho com SINSAUDESP

FIRMADA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO COM O SINDICATO DOSAUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM E TRABALHADORES EMESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE SÃO PAULO –SINSAUDESP, VIGÊNCIA

Curta nossa página

Mais recentes

Receba conteúdo exclusivo

Assine nossa newsletter

Prometemos nunca enviar spam.

plugins premium WordPress
Rolar para cima