A reforma fiscal e o financiamento da saúde brasileira foram temas do módulo de Sistema de Saúde Público-Privado, dentro do 17º Class, realizado na manhã do dia 23 de maio, no Expo Center Norte.
Para tratar do assunto, André Medici, economista sênior da Saúde do Banco Mundial, iniciou sua participação apresentando um panorama do que é gasto na área da saúde no mundo e como o Brasil está inserido nesse contexto.
Segundo ele, dados de 2008 apontam que os gastos mundiais em saúde chegaram a US$ 6,1 trilhões. Desse montante, 60% foi destinado à área pública e 40% ao setor privado. “Mas o gasto público em saúde no Brasil está muito baixo, nós precisamos pensar em novas alternativas”, ponderou.
Isso significa, segundo o especialista, que é preciso “discutir as necessidades e opções para melhorar a eficiência dos gastos de saúde no país”. Para isso, seria necessária uma abordagem sob o ponto de vista de gestão, necessidades, demanda, eficiência de alocação e equidade.
Mesmo com todos os problemas, no entanto, os gastos públicos federais em saúde passaram de R$ 53 bilhões em 2007 para R$ 80,9 bilhões em 2011 – um aumento de 60% no período. Ainda pouco, mas uma indicação de que, segundo Medici, o problema brasileiro pode estar relacionado tanto com “aumentar a participação da saúde nos gastos públicos quanto como reduzir gastos desnecessários em outros setores do governo”.
Talk show
O tema financiamento da saúde também foi objeto de um talk show que contou com a participação de Medici e o coordenador do módulo, Marcos Bosi Ferraz, o diretor executivo da Fenasaúde, José Cechin, e a assessora econômica do Banco Mundial, Maureen Lewis.
Segundo Lewis, é importante pensar em melhorias em relação aos gastos para o sistema, mas não é só isso. “Os gastos são apenas uma parte do sistema. É importante enfatizar que existem evidências que comprovam isso”, disse a especialista. Ela também destacou que o modelo de administração por Organizações Sociais “tem valor e deve ser analisado”.
Para José Cechin, o problema está nas áreas do governo que mais oneram a União, como a Previdência Social e folha salarial de seus servidores. Com isso, os recursos para a Saúde são sempre menores. “Hoje a folha salarial do governo e benefícios da previdência correspondem a dois terços dos gastos”, pontuou.
O coordenador do painel, Marcos Bosi, afirmou que a necessidade das reformas no país, como a fiscal e a tributária, também é urgente. “As reformas influenciam em muito nosso sistema de saúde, mas elas dependem do próprio Estado brasileiro”, disse.
Fonte: FEHOESP
Fotos: Neuza Nakahara