Metade dos brasileiros está acima do peso

Quase metade da população do Brasil (49%) está acima do peso, revela pesquisa do Ministério da Saúde, o Vigitel. O trabalho mostra que entre 2006 e 2011 o número de pessoas com sobrepeso aumentou ...

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Segundo Ministério da Saúde, sobrepeso atinge 49% da população; obesidade, 15,8%

Quase metade da população do Brasil (49%) está acima do peso, revela pesquisa do Ministério da Saúde, o Vigitel. O trabalho mostra que entre 2006 e 2011 o número de pessoas com sobrepeso aumentou em média 1 ponto porcentual por ano. No mesmo período, a parcela de obesos subiu de 11,4% para 15,8%.

“O crescimento da obesidade entre a população adulta é preocupante e difícil de se conter”, admitiu o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa. Nos planos do governo para curto prazo a ideia é reduzir o ritmo de crescimento da doença entre adultos e não reverter a tendência.

A dificuldade fica estampada quando se analisam outros dados da pesquisa. No prato do brasileiro sobra gordura e faltam frutas e verduras. Atualmente, apenas 20,2% consomem 5 ou mais porções de frutas e hortaliças por dia. O consumo de carnes com excesso de gordura, no entanto, está presente nos hábitos de 34,6% dos entrevistados. Outros 56,9% dizem consumir leite integral e outros 29,8%, refrigerante, regularmente. Embora tenha apresentado uma queda 1,6 ponto porcentual em 2 anos, 14% da população ainda é sedentária. Além disso, o porcentual de brasileiros que comem feijão, considerado um fator protetor para doenças não transmissíveis, caiu de 71,9% para 69,1% no ano passado.

“Agora é hora de virar o jogo”, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele crê que medidas como acordos com a indústria para redução de sal, a criação de espaços públicos para a prática de atividades físicas e programas de saúde nas escolas possam ajudar a conter a tendência.

Dieta – No ritmo atual, em 12 anos o porcentual de obesidade no Brasil será o mesmo que dos EUA. “As novas medidas começaram a ser adotadas ano passado. Os efeitos nas estatísticas não são imediatos”, afirmou Padilha.

Entre as preocupações está a população com menos escolaridade. O trabalho mostra que o grupo com menos estudo tem dieta menos saudável do que a população escolarizada. “Mas o trabalho também indica que a população adere às políticas de prevenção à saúde. Temos de ampliar o acesso e a orientação”, disse o ministro.

Como exemplo, além da redução do sedentarismo ele citou o menor número de fumantes no País e o aumento de mulheres que fazem mamografia – exame importante para identificar a presença de câncer em estágio inicial. O Vigitel mostra que o número de mamografias feitas em 2011 foi de 73,3%. Em 2006, eram de 71,2%. O trabalho deixa claro, no entanto, a grande diferença no acesso ao exame. Entre entrevistadas com mais de 12 anos de estudo, 87,9% fizeram o procedimento. Quase 20 pontos porcentuais a mais do que mulheres com menos de 8 anos de escolaridade: 68,5%.

A relação entre comportamento de risco e escolaridade só muda quando é avaliado o consumo de bebidas alcoólicas. Nesse caso, quanto maior o número de anos de estudo, maior o consumo excessivo de bebidas. Entre a população em geral, 17% relataram o consumo exagerado. Quando se analisa apenas os homens com mais de 12 anos de estudo, o índice sobe para 20,1%.

Entre as mulheres a diferença também está presente. Entre as com mais de 12 anos de estudo, 11,9% consomem bebida em exagero. Já as com até 8 anos de estudo, esse número cai para 7,6%.

Lançada em 2006, o Vigitel é uma pesquisa anual feita por meio de entrevistas com a população de mais de 18 anos, residente nas capitais brasileiras e no Distrito Federal. Neste ano, participaram do levantamento 54.144 pessoas.

O trabalho é feito para medir a prevalência de fatores de risco e proteção para doenças não transmissíveis na população, como diabete, obesidade, câncer e doenças cardiovasculares.

Correria e falta de opção são desculpas

Ausência de rotina organizada também dificulta a alimentação saudável

Ela pede um cachorro-quente prensado, completo. Ele, um churrasco com queijo – são 16 horas e aquele é o lanche do casal Patrícia Domiciano, de 31 anos, e Sandro Hiroyto, de 38, na paradinha antes de voltar para casa após o trabalho. Mas no carrinho/lanchonete estacionado ao lado da Estação Barra Funda do Metrô, o cardápio varia apenas entre hambúrgueres, salsicha, queijo derretido… Nada muito saudável.

“Estávamos de passagem, na correria do dia, e bateu a fome. Não tem outra opção aqui”, diz Patrícia, que é promotora de vendas. “Em casa, a gente costuma comer mais verduras e frutas, mas sempre tem uns deslizes no dia a dia.”

O casal conta que, por causa dos dois filhos, de 8 e 11 anos, a atenção na hora das compras é redobrada para dar preferência à comida saudável. É uma tentativa de criar um bom hábito na alimentação dos filhos, mas é difícil competir com lanches e frituras. “Eles preferem batata frita, hambúrguer, mas eu preparo bastante salada e tento fazer eles comerem”, diz ela.

Hiroyto confessa que não abre mão de comidas gordurosas, apesar de ter consciência do mal que fazem à saúde. O que acaba sendo má influência para os filhos. “Eu sou ruim para comer salada, frutas, e meu filho mais velho me acompanha nessa”, afirma.

Oportunidade – O estudante Luiz Henrique Vargas, de 21 anos, diz que só conseguiu mudar o hábito alimentar quando teve uma mudança de rotina. “Moro em república, geralmente almoçava pizza, comia isso até no café da manhã”, diz o aluno do 4.º ano de Administração. “Só quando comecei a trabalhar é que consegui regular meu almoço. Agora escolho bem o que vou comer cada dia.” Apesar do avanço, Vargas ainda sofre com a correria entre trabalho e faculdade. Ele faz estágio em São Paulo, mas estuda e mora em Sorocaba, a 95 quilômetros. Faz o trajeto todos os dias, num ritmo que dificulta encontrar um tempo para se organizar. “Não dá tempo de jantar, acabo comendo um lanche ou tomando só um refrigerante.”

O estilo de vida de Vargas ainda tem outro reflexo negativo, comum entre estudantes: o consumo exagerado de álcool. “Na faculdade sempre tem festa, barzinho depois da aula. Bebo pelo menos três vezes por semana”, diz. “Mas acho que também é uma fase, com o tempo vou tentar diminuir.”

Fonte: O Estado de S. Paulo

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