Informação é da Polícia Civil e do Ministério Público; prejuízo foi de R$ 10 milhões em apenas seis meses
Funcionários de três hospitais, um presidiário e mais oito pessoas são suspeitas de desviar remédios de alto custo das redes pública e particular da capital paulista.
Os medicamentos custam até R$ 8.000 e são usados no tratamento do câncer. Após serem furtados, eram revendidos para distribuidoras e farmácias de São Paulo, Praia Grande (SP), São Caetano do Sul (SP) e Belford Roxo (RJ).
O grupo foi desmontado ontem em uma operação da Polícia Civil, do Ministério Público e da Corregedoria da Administração de São Paulo.
As investigações duraram seis meses. No período, o prejuízo aos três hospitais chegou a R$ 10 milhões.
Ontem, 11 pessoas foram presas em flagrante. Nas casas de algumas delas, a polícia apreendeu R$ 34 mil em dinheiro, dezenas de caixas dos medicamentos e nove carros de luxo. Outros oito suspeitos, que não foram presos, ainda são investigados.
Conforme a apuração, o empresário Stefano Mantovani Fernandes comandava o esquema de dentro do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros por meio de um celular. Fernandes está preso lá desde 2009.
No ano passado, ele foi condenado a 14 anos de prisão por receptação de medicamentos furtados. Na ocasião, negou as acusações.
Ontem, a Folha não encontrou os advogados de Fernandes e dos outros 11 suspeitos.
O contato de Fernandes com o grupo era feito por meio da mulher dele e de um cunhado. Ambos foram presos em flagrante ontem.
A Promotoria afirmou que vai pedir que Fernandes seja transferido para um presídio de segurança máxima.
A quadrilha, diz a polícia, pagava R$ 1.000 pelos remédios desviados. O produto era revendido por até R$ 7.500.
Entre os presos, está a servidora pública federal Eliane de Siqueira. Ela está cedida ao hospital Brigadeiro, que é da rede estadual. Câmeras de vigilância a flagraram furtando caixas de remédios.
O Samaritano e o Instituto Brasileiro Contra o Câncer, ambos particulares, também foram vítimas. Os hospitais desconheciam o crime. A Secretaria de Estado da Saúde, responsável pelo Brigadeiro, informou que colaborou com a polícia e que lamenta o desvio de medicamentos do SUS.
Fonte: Folha de S. Paulo