Filtro solar reduz rugas e flacidez da pele

Pesquisadora da USP cria um produto que, além da função básica de proteger a pele dos raios ultravioletas, gera efeitos estéticos importantes

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Pesquisadora da USP cria um produto que, além da função básica de proteger a pele dos raios ultravioletas, gera efeitos estéticos importantes

Desde que foram inventados, os cosméticos multifuncionais sempre fizeram sucesso. Seja um xampu que age também como condicionador, seja um esmalte que embeleza e fortalece as unhas, a praticidade de um único produto atuar em vários problemas costuma atrair muitos consumidores. Pensando nisso, uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto desenvolveu um filtro solar que, além de proteger a pele, reduz as rugas e combate a flacidez.

O cosmético tem em sua fórmula extratos vegetais de ginkgo biloba, algas marinhas vermelhas e as vitaminas A, C e E. As substâncias melhoram a textura e a elasticidade da pele, estimulam a renovação celular, hidratam e diminuem as rugas. De acordo com a coordenadora da pesquisa e professora do Laboratório de Tecnologia de Cosméticos da USP, Patrícia Campos, as substâncias com propriedades de filtro solar são moléculas orgânicas capazes de absorver a radiação solar, transformando-as em radiações com energias menores. É uma espécie de transformação de calor em radiação fluorescente, que é inofensiva ao organismo humano.

“As vitaminas e os extratos vêm sendo muito empregados em formulações cosméticas, na tentativa de proteger a pele contra o fotoenvelhecimento, uma vez que essas substâncias apresentam potencial antioxidante e, consequentemente, poderiam neutralizar os radicais livres produzidos na pele após a exposição à radiação UV”, explica. Ela conta que os extratos vegetais, com uma rica composição, também proporcionam outros benefícios, como melhora da hidratação e redução da aparência de pele envelhecida.

Estudos avaliaram o resultado das vitaminas A, C e E isoladas e observaram efeitos na melhora da aparência da pele, devido a possíveis propriedades hidratantes e protetoras, com melhora na síntese de colágeno. Por isso, a decisão foi de associar as substâncias ativas com os filtros solares, para uma formulação de uso diário, com o objetivo de reduzir a aparência da pele fotoenvelhecida. “No nosso estudo, observamos que essa associação de ativos age na hidratação e na melhora da textura e da elasticidade da pele, além de ter uma ação protetora do DNA celular”, descreve.

Testes indicaram que o filtro solar provocou a redução da presença das proteínas p53 e caspase-3. Essas substâncias são marcadores genéticos para os danos celulares causados pela radiação solar. O produto também diminuiu a produção da metaloproteinase, conhecida por destruir o colágeno – a agressão a essa proteína deixa a pele flácida. Nas avaliações sobre as alterações celulares, a equipe utilizou uma técnica chamada de microscopia confocal de reflectância a laser para constatar que o filtro promove uma hidratação profunda com duração de oito horas. Foi possível perceber também o aumento da camada granulosa da pele, causado pelo estímulo à renovação celular.

Aplicação
A dermatologista Meire Odete Brasil Parada, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que existem dois fatores que causam rugas: os intrínsecos e os extrínsecos. Os primeiros têm relação com fatores genéticos e com a idade. Os últimos, com radiação solar, fumo, estresse e estilo de vida. Para prevenir as rugas é necessário evitar todos os fatores que as desencadeiam. “Claro que estamos falando no caso dos extrínsecos, pois na questão genética e na idade não tem como evitar”, destaca.

Segundo ela, há como tratar rugas existentes ou até mesmo preveni-las, mas o cosmético só vai funcionar se a pessoa tomar todos os cuidados já citados anteriormente. Ela acredita que o filtro solar da USP pode ser ainda mais eficaz por ter na composição o ginkgo biloba e as algas marinhas, que agem na retenção de água, hidratando e mantendo a pele viçosa. “Além de ser um antioxidante, ele aumenta a proteção para a pele”, acredita.

Testes
Patrícia conta que, durante o estudo, a fórmula foi testada em diferentes tipos de pele e todas as voluntárias relataram que o teste sensorial da formulação agradava muito, pois não criava oleosidade. Ainda na fase de pesquisa, a equipe teve a parceria da empresa francesa Chanel, que foi importante para a realização de testes da formulação também em climas frios e secos e na pele sensível de mulheres francesas. Os resultados obtidos lá foram apresentados no Congresso Brasileiro de Cosmetologia – o mais renomado da área no país – e recebeu o prêmio de terceiro melhor trabalho apresentado.

Outra empresa de cosmético que auxiliou na pesquisa foi a também francesa Evic. Lá, a pesquisadora realizou testes de compatibilidade dérmica, para atestar a segurança do uso na pele humana. A dermatologista Mayanna Maia afirma que os antioxidantes do filtro já são bem estabelecidos quanto à função proposta, no entanto, é seguro apenas para o uso no dia a dia, e não deve ser aplicado em exposições solares excessivas por ter baixo fator de proteção (20 FPS). “Acho que isso pode ser um aspecto negativo, mas os antioxidantes agindo no retardo do envelhecimento são muito positivos”, acredita.

De acordo com ela, esse é um filtro viável, embora sejam necessários mais estudos que comprovem a eficácia do produto quando utilizado diariamente. Só assim é possível chegar a uma conclusão. Ela também considera importante os testes que avaliem a aplicação em qualquer tipo de pele, principalmente nas oleosas e sensíveis. “Não é qualquer protetor que funciona nesse tipo de pele”, diz. Patrícia informa que, após a finalização dos testes, a formulação será submetida a registro de patente e só então estará disponível para comercialização.

Fonte: Correio Braziliense

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