As relações entre prestadores de serviços e operadoras de planos de saúde foram objeto de discussão em evento realizado pela FEHOESP e SINDHOSP, no dia 23 de outubro, no Novotel Jaraguá – capital paulista.
Em um auditório lotado, com cerca de 140 participantes, o seminário “Desafios e Rumos da Saúde Suplementar” contou com representantes do setor e da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS.
Em sua primeira metade, o evento discutiu as novas versões da Troca de Informações em Saúde Suplementar – TISS e da Terminologia Unificada de Saúde Suplementar – TUSS.
A coordenadora de Estrutura de Dados e Terminologia da ANS, Celina Maria Oliveira, apresentou as novas versões, destacando, de forma detalhada, mudanças importantes como a inclusão do processo de recurso de glosa e campos para melhorar a rastreabilidade das solicitações, entre outras. “Existe uma arquitetura de dados que o beneficiário pode utilizar para a troca de informações. A partir disso vamos fazer um monitoramento do padrão”, destacou.
Luiz Antonio de Biase Nogueira, representante da Associação Brasileira de Medicina de Grupo – Abramge no Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar – Copiss da ANS, falou sobre a TISS do ponto de vista das operadoras e elogiou o sistema. “Na prática, a TISS é o sistema de informações assistenciais das operadoras, é muito bom”, disse.
Medicamentos e contratos
Para falar sobre medicamentos restritos e contratualização, o evento trouxe o coordenador de Saúde Suplementar da Confederação Nacional da Saúde – CNS, João Lucena Gonçalves.
Segundo ele, medidas como a resolução nº3 da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), da Agência Nacional de Vigilância sanitária – Anvisa, e a Resolução Normativa da ANS nº 241, não impedem a negociação entre prestadores e operadoras. Fica mantido o acordo firmado entre entidades do setor, que formaram um grupo de trabalho cujo “objetivo é garantir o equilíbrio financeiro de todos”.
O palestrante também tratou da Resolução Normativa nº 49, da ANS, afirmando que ela “vem ajudar na negociação entre prestadores e operadoras, dando orientações para que se consiga contratualizar os reajustes”.
Tecnologia como aliada
A segunda parte do evento contou com a apresentação de Luiz Gustavo Kiatake, representante da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde – SBIS no Copiss/ANS, que abordou a certificação digital em saúde e sua importância. “Precisamos sensibilizar os profissionais de saúde para o uso de documentos e certificados eletrônicos”, alertou.
Representante do Hospital Infantil Sabará, Milton Alves falou sobre as medidas que empreende para aumentar os processos digitais e reduzir o uso de papel em alguns setores de seu estabelecimento. “Fazemos um investimento implícito, mas temos certeza que nos dará retorno”, afirmou.
Remuneração e qualidade
A ANS abriu a segunda parte do seminário, para tratar de modelos de remuneração e sua viabilidade, em apresentação do diretor adjunto de Desenvolvimento Empresarial da agência, Wladmir Ventura de Souza. Para ele, a solução passa pela contratualização de fato entre as partes, a padronização que a agência defende e uma melhor organização dos processos financeiros.
Raquel Lisbôa, da Gerência de Relações com Prestadores da ANS, apresentou o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Prestadores de Serviços na Saúde Suplementar – QUALISS. O programa consiste em avaliar, por meio de indicadores de qualidade, todos os prestadores de serviços que possuem vínculo com as operadoras. Ela espera, com a iniciativa, “que passemos todos a ter a cultura da qualidade nos serviço de saúde”.
Trazendo a visão de uma seguradora, participou do evento Marco Antunes, diretor de relações institucionais da Sul América Saúde. Ele apresentou dados da empresa e lembrou da necessidade de novos modelos de remuneração, afirmando que “precisamos de um conjunto de mudanças coordenadas”.
Fechando o evento, falou aos presentes Josier Marques Vilar, presidente do conselho empresarial de medicina e saúde da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Ele destacou como um dos maiores problemas do setor a desunião de seus atores. “O problema está em nós nos resolvermos. Talvez a desconfiança seja a principal premissa que precisa ser vencida”, disse.
*Confira aqui as apresentações disponibilizadas pelos palestrantes do evento.
Fonte: Comunicação FEHOESP