Medicamento, que junta anfetamina com um antiepiléptico que já é comercializado, corta até 10% do peso
Os Estados Unidos emitirão amanhã um novo parecer sobre uma droga que combina um anticonvulsivo e um derivado da anfetamina para combater o sobrepeso e a obesidade, que afetam dois em cada três adultos nos EUA.
A expectativa é que o FDA, órgão daquele país que regula alimentação e medicamentos, solicite um ensaio clínico para análise dos riscos da droga para o coração
Se passar pelo crivo do FDA, o remédio será o primeiro remédio em 13 anos aprovado para emagrecimento.
Na prática, o Qnexa não representa uma substância nova, mas a combinação de substâncias já aprovadas para uso nos EUA. A nova droga reúne a fentermina – derivado da anfetamina que inibe o centro da fome no cérebro – e o topiramato, um anticonvulsivo indicado para epilepsia e enxaqueca.
O topiramato também parece ser capaz de diminuir a compulsão pelo consumo de comida. Justamente por isso, estima-se que metade das prescrições desse medicamento nos EUA seja “off-label” (fora das indicações da bula) para o combate a casos de obesidade.
‘Combo’
A novidade é que farmacêutica Vivus resolveu juntar oficialmente os dois remédios para emagrecimento. A companhia já tinha tentado aprovar o Qnexa há dois anos.
A droga foi recusada pelo FDA por riscos de defeitos congênitos em bebês de mulheres que engravidaram durante o tratamento e de problemas cardiovasculares.
Nos últimos dois anos, três medicamentos contra obesidade, incluindo o Qnexa, foram reprovados pelo FDA. Há 13 anos os EUA não aprovam um novo emagrecedor.
O laboratório Vivus, após a reprovação, pesquisou o Qnexa em mais de 2.400 pessoas obesas ou com sobrepeso, que tinham doenças associadas, como hipertensão.
Estudar esse tipo de doença é importante porque parte dos emagrecedores aumenta a pressão arterial e a incidência de derrames.
O estudo indicou que os pacientes perderam cerca de 10% do seu peso em um ano.
De acordo com especialistas, emagrecedores que conseguem reduzir mais do que 5% de peso já são considerados bastante promissores.
A pesquisa foi conduzida pela Universidade Duke e financiada pela Vivus, que pretende comercializar a droga. Os resultados foram publicados em abril de 2011 no periódico médico “Lancet”.
No Brasil
Mesmo se aprovado nos EUA, o medicamente não deve chegar às farmácias brasileiras. Isso porque o uso da fentermina e outras anfetaminas contra a obesidade foi proibido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no ano passado.
A agência também impôs restrições à venda de inibidores de apetite com sibutramina. Médicos, laboratórios e farmácias devem notificar efeitos colaterais relacionados ao uso desses remédios.
Fonte: Folha de S. Paulo