Hospitais investem em ‘sala híbrida’ para fazer cirurgias convencionais e procedimentos não invasivos; Dante Pazzanese abre a sua hoje
O Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, inaugura hoje uma sala híbrida de cirurgia, onde poderão ser feitos, ao mesmo tempo, cirurgias abertas e procedimentos não invasivos.
Nesse espaço, pacientes de todas as idades que tiverem problemas de complexidade moderada ou alta podem ser tratados simultaneamente com o cateter e o bisturi.
A ideia é unir uma equipe de especialistas de diferentes áreas, como cardiologistas clínicos, cirurgiões cardíacos, médicos intervencionistas, especialistas em exames de imagem e anestesistas.
“A sala híbrida une o melhor dos mundos da cirurgia e da medicina intervencionista”, afirma Amanda Sousa, diretora-geral do Dante Pazzanese. “Queremos ampliar o uso dos procedimentos não invasivos com mais versatilidade”, diz Sousa.
Um dos destaques da sala é um equipamento robótico que faz raio-X, ultrassom e tomografia para que o médico veja melhor o coração e os vasos sanguíneos. Isso pode ajudá-lo, por exemplo, a posicionar um stent (implante para desobstruir artérias).
As imagens são feitas durante o procedimento para guiar os especialistas e podem ser transmitidas em segundos para as oito telas que ficam ao redor dos médicos.
Os monitores também mostram exames anteriores e podem sobrepor resultados novos aos antigos.
Esse tipo de sala, comum nos hospitais dos EUA e da Europa, nasceu da necessidade de tratar casos cada vez mais complexos de forma menos invasiva.
“Hoje os pacientes são mais complicados, principalmente os adultos, que vivem mais e têm mais doenças associadas. Mas nem por isso vamos deixar de tratá-los da maneira mais conveniente”, afirma José Eduardo Sousa, diretor do Centro de Intervenções Estruturais do Coração do Dante Pazzanese.
Tendência
No Brasil, a tendência é que as salas híbridas também sejam mais comuns. O InCor (Instituto do Coração da USP) inaugurou a sua em 2011, mas ainda não começou a operar.
O HCor (Hospital do Coração) deve inaugurar duas salas híbridas no segundo semestre, no novo prédio que está sendo construído. O Hospital Pró-Cardíaco, no Rio, vai ter a sua daqui a três meses.
Já o Albert Einstein deve inaugurar, em novembro, a primeira sala híbrida do país com um robô para cirurgia (a mais nova versão do sistema da Vinci), segundo Robinson Poffo, cirurgião do hospital.
Luiz Carlos Bento de Souza, diretor da divisão de cirurgia do Dante Pazzanese, diz que a gama de problemas que podem ser tratados na sala é grande e inclui aneurismas e defeitos congênitos.
Com a sala híbrida, é possível, por exemplo, fazer uma ponte de safena com cirurgia aberta e trocar, por cateter, uma válvula aórtica.
“Tudo é feito em um só tempo, sem ter de fazer um procedimento e, depois de alguns dias, fazer outro. Isso reduz os riscos, o tempo das operações e o risco de mortalidade”, diz Eduardo Sousa.
A diretora-geral do Dante Pazzanese, Amanda Sousa, afirma que a sala híbrida é mais do que a simples união da sala de cateterismo e dos equipamentos cirúrgicos.
Pedro Lemos, diretor do serviço de hemodinâmica e cardiologia intervencionista do InCor, concorda e lembra que só os equipamentos não bastam. “O conceito é unir a expertise de todos os profissionais envolvidos e ampliar as possibilidades da cirurgia e do minimamente invasivo.”
Fonte: Folha de S. Paulo