Novo modelo começa a ser usado este mês pela Amil Dental, mas poderá ser adotado por empresas de outros segmentos
Sintetizar em uma única folha de papel as cláusulas mais importantes de contratos de prestação de serviços. Esta é a proposta do “Contrato Transparente”, um novo modelo que começará a ser usado a partir da segunda quinzena de abril pela Amil Dental.
Os novos usuários do plano odontológico receberão junto com o contrato formal, de 23 páginas, o modelo simplificado. A empresa é a primeira a adotar a novidade e informa que a intenção é facilitar a compreensão de aspectos contratuais como abrangência geográfica (em que regiões o plano contratado pode ser utilizado), procedimentos cobertos e serviços que podem ser reembolsados.
– É uma quebra de paradigma. Estamos buscando uma relação mais clara com o consumidor. Queremos que ele leia e compreenda o que está comprando. Muitas vezes, o consumidor ainda decide pela emoção e, depois, tem dúvidas a respeito das cláusulas do contrato. A solução para isso está na comunicação e vimos neste modelo uma boa alternativa – diz Alfieri Casalecchi, diretor comercial da Amil Dental, que mantém cerca de 2 milhões de clientes.
Impacto sobre o mercado
Segundo ele, a síntese do contrato de prestação de serviços também será utilizada como “ferramenta para a força de vendas.” Os corretores que trabalham para a operadora receberão treinamento especializado para apresentar a novidade no momento da prospecção de novos clientes. Para Alfieri, a iniciativa da empresa fará, em breve, diferença no mercado de planos de saúde e outras empresas passarão a adotar o contrato simplificado, facilitando a vida do consumidor.
– A intenção é também diminuir as queixas relacionadas à falta de compreensão do contrato. É possível que este modelo venha a ser adotado pela área médica, mas existe uma complexidade maior. São dezenas de especialidades (listadas em contrato) enquanto no segmento odontológico existem apenas quatro. Por isso começamos por ele, para ver como irá funcionar – explica Casalecchi.
O ‘Contrato Transparente’ foi desenvolvido pela consultoria CTR® a partir de estudos dos rankings de reclamações registradas junto ao Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec), do Ministério da Justiça, e junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Leonardo Araújo, sócio da empresa, diz que os levantamentos demonstraram que a maior dificuldade para o consumidor em relação aos contratos é a compreensão do texto.
– Tradicionalmente, um contrato é pensado para ser um documento, não um material a ser consultado. Então, o que acontece é que o consumidor guarda o contrato e só vai procurá-lo quando tem alguma dúvida, quando um procedimento é negado pelo plano de saúde, por exemplo. Nossa proposta é fazer com que o consumidor tenha um material de consulta, algo que possa manter no bolso. O objetivo é eliminar a confusão e a frustração que ele possa vir a ter ao descobrir que adquiriu algo diferente do que pretendia. E não só na área de saúde. O modelo pode ser adotado por empresas de qualquer segmento – destaca Araújo.
Mesmo afirmando que ao adotar o novo modelo a empresa demonstra disposição de assumir um compromisso de transparência com o consumidor, Leonardo Araújo adverte que o ‘Contrato Transparente’ não é um selo de qualidade.
– O CTR® não atesta a legitimidade da cláusula nem o conteúdo contratual. Ele é um instrumento de comunicação. Se houver uma cláusula ruim, ela será uma cláusula ruim totalmente transparente.
Fonte: O Globo Online