As ações da OdontoPrev, maior operadora de plano odontológico do país, estão com giro acima da média e acumulam baixa de 8% nesta semana. O mau humor dos investidores com os papéis da empresa ocorre depois que o Bank of America Merrill Lynch divulgou um relatório informando que retirou de seu modelo de precificação das ações a possibilidade de fechamento de parceria para a venda de planos com o Banco do Brasil.
Os analistas observam que a probabilidade de o negócio ser concluído é muito pequena. Sem esse acordo, as possibilidades de crescimento da OdontoPrev, em particular no atendimento ao varejo, ficam reduzidas. As conversas entre o banco e a operadora começaram há quase dois anos – em agosto de 2010 – sem que qualquer avanço tenha ocorrido.
Para o mercado, a falta de notícia incomoda – segundo um analista os investidores “cansaram de esperar por este anúncio”.
Além disso neste ano, praticamente mês a mês, o mercado tem acompanhado que diretores da empresa vendem ações da companhia na bolsa. Em janeiro, as vendas de administradores da OdontoPrev somaram R$ 2,5 milhões; em março, R$ 3,9 milhões; em abril R$ 1 milhão; e, em maio, R$ 16,5 milhões. No início do ano, a fatia acionária de diretores na empresa era de 0,96% e foi reduzida para 0,58% no mês passado. Em maio também conselheiros da empresa venderam R$ 800 mil em ações.
A Instrução 358 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabelece que, mensalmente, as companhias abertas devem divulgar se diretores, conselheiros ou controladores negociaram ações da empresa. As movimentações desses “insiders”, como são conhecidos no jargão do mercado, precisam ser públicas pois eles têm restrições à negociação por terem acesso privilegiado às informações da companhia. Pelas regras da CVM, a empresa precisa apenas divulgar a operação, sem especificar motivos ou identificar quem a efetuou.
Essa movimentações podem ser vistas pelo mercado como um sinalizador do sentimento dessas pessoas em relação aos negócios das empresas. Mas essa análise imediata não necessariamente é a mais adequada, do ponto de vista das empresas e executivos. Muitas vezes as vendas ocorrem por conta de exercício de planos de opções ou mesmo porque, como qualquer outra pessoa, os executivos podem ter tido necessidades de recursos em determinado período. Procurados pelo Valor, nem a OdontoPrev nem o BB deram entrevista.
O Bofa Merrill Lynch manteve recomendação neutra para a OdontoPrev e elevou seu preço-alvo de R$ 10 para R$ 12. O impacto negativo da retirada do acordo com BB dos cálculos foi estimado em 5%.
Fonte: Valor Econômico